quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eu nunca gostei de palhaço.



No tempo em que trabalhei no Mc Donald's, quase todos os dias eu sentia muita dor no estômago. Acredito que era porque comia muita porcaria o dia inteiro. Na abertura da loja, quase sempre eu "criava" os meus próprios sanduiches, ou melhor, Frankenstain gastronômico. Misturava tudo, era uma beleza.
Na minha loja, tinha um treinador que tinha acabado de ser promovido a trainee de gerente, ô bicho marrento. Estava eu na minha função de escravo da chapa de big mac, vem ele ligado no 220v: "Vamos, tem cliente esperando!" Tirou a espátula de pão da minha mão. Pra quem não sabe, o pão é dividido em base e coroa. Você coloca os condimentos na coroa, que é a parte com gergelim, depois vem com a base e coloca por cima. Pra quem nunca viu o chão da cozinha do Mc Donald's eu vou contar. Sabe aquele troço oleoso cheio de pedaços de alface, picles, cebola e muuuuitas outras coisas? Então, é assim.
Voltando ao assunto do pão, o nosso querido traineee tirou da minha mão a tal espátula que tira a base da tostadeira. Tinham 12 sanduiches na bandeija, o infeliz cheio de marra falou assim: "Aí Lima, aprende com o mestre!" Nós que estávamos ali todo dia fazendo aquilo, estávamos acostumados, ele não. Tinha que tirar as 12 bases de uma só vez nos sanduiches. Quando ele foi colocar as bases, cairam quase todos os sanduiches no chão.

Tinha muita gente esperando os sanduiches. Sabe o que ele fez? Catou tudo do chão, é... o mesmo chão imundo que a gente patinava o dia todo.

Ele ainda falou assim: "O que mata engorda!" Nesse caso eu tenho que concordar com ele, mesmo falando o ditado errado.

Uma vez eu estava trabalhando na chapa com um curativo no supercílio. Tinha feito um show com o T.N.M, esse foi um dos últimos shows da banda, quando fui tirar o baixo, bati no supercílio e abriu na hora.

Só sei que lá pelas tantas o band-aid que cobria o corte sumiu da minha testa, deve ter caido na carne devido ao forte calor da chapa. Até hoje não sei onde foi parar o bendito curativo, deve estar dentro da barriga de algum obeso por aí!
Eu só trabalhava com o boné pra trás, e não pode, "é fora do padrão". Mas eu metia o maior broncão mesmo, se me tirassem de lá não tinha outro pra colocar no meu lugar. Enfiavam a viola no saco e ficavam calados, ou melhor fingiam que não viam. O calor era tanto que o suor pingava muito nas carnes, as vezes batia na chapa e só ouvia o tssssss. A gente falava que o suor era parte do "tempero especial."

Quando resolveram me dar a carta de alforria da chapa de regulares (Big Mac, hamburguer e cheesburguer), fui me aventurar no balcão. A gente tinha uma competição estúpida, devido a lavagem cerebral que fazem. A disputa era de quem zerava mais rápido a fila do seu caixa. Fica um monte de maluco correndo pra pegar sanduiche. Uma vez numa dessas corridas o chão estava muito escorregadio. Numa das minhas mãos tinha um sanduiche e na outra um copo de 500ml de coca-cola. Eu escorreguei, daquele jeito que as duas pernas sobem de uma só vez... sem comentários.
A loja cheia, e acredite, não sei como eu não derrubei uma gota da coca-cola.

E na hora de ir pra casa, eu tomava um banho tão quente que parecia água de escaldar porco. E nem assim saía toda gordura do corpo, eu fedia a sanduiche. From Hell total!!!

Se o seu sanduba vier errado, NUNCA seja arrogante ao pedir pra trocar, ou você vai comer o sanduiche com molho extra de CUSPE!!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cabeçudos na estrada.

Lá pelos idos de 1995, os shows começavam a ficar mais cheios, o CABEÇUDOS tocava mais e mais. A cena hardcore crescia bastante e eu já não ouvia mais tanto METAL como antes. Bandas como: SICK OF IT ALL, PENNYWISE, BAD RELIGION, NOFX, RATOS DE PORÃO... faziam cada vez mais parte da trilha sonora da minha vida.

Nessa época, eu ainda me correspondia com muitas bandas. NITROMINDS e WHITE FROGS eram as bandas que mais trocavam cartas comigo. As coisas nessa época eram muito difícieis, por isso dava tanto prazer quando a gente conseguia um bom show fora do Rio, ou uma entrevista legal para um zine de outro estado. Se não me falha a memória, um dos primeiros shows fora do Rio, foi na Cidade de Assis, interior de São Paulo. Saí direto do Mc Donald's onde eu trabalhava, para a rodoviária. Estava com o dinheiro contadinho da passagem, na verdade sobrou uns 5 reais para o prato feito lá na cidade.

Baba, Cabeça, Helinho, Júnior, Eu e o Zé em Assis interior de SP.

Não sei dizer quantos quilômetros são do Rio até lá, só sei que foram 12 horas dentro de um busão. Chegamos estragados em Assis, era um evento que uma rádio de lá promovia. Acho que foi o Júnior (baixista) que conseguiu esse show. Lembro de olhar do palco e ter umas 6 mil pessoas num lugar que parecia um estacionamento. Sem dúvida, foi um showzão. Voltamos para o Rio de alma lavada, e doidos pra voltar em Assis no próximo ano.

O Cabeçudos nessa época lançou um split cd por um selo português chamado fast'n loud, com o a gente tinha o MUKEKA DI RATO (ES) e duas bandas portuguesas, KU DE JUDAS e TRINTA E UM. Foi uma coisa muito foda pra nós que estávamos acostumados com fitinha cassete. Já se cogitava gravar uma nova demo, e com as músicas já no esquema, não demorou muito. Entramos no estúdio pra gravar "Lei do Cão", a essa altura a banda já não era mais 100% hardcore. Outras influências estavam muito presentes no som. A própria Lei do cão, era um reggae com guitarras distorcidas no refrão. Mas o show era pura pressão, lembro de uma menina falar para mim, enquanto conversávamos depois do show: "Que isso? Vocês parecem que tem pácto com o demo. Antes do show estávam aqui quietinhos conversando, quando vi vocês no palco, deu até medo!" rsrsrsrs Coisas do ROCK.



Depois que a DEMO ficou pronta, mandamos pra todos os jornais e revistas do país. A banda também estava sempre envolvida em organização de eventos. Conhecemos muitas pessoas legais nesse meio, e outras nem tanto.

O Milton foi uma dessas ótimas pessoas que conhecemos, ele tinha uma loja em Madureira (Space Rock), tempos depois ele abriu a sociedade com a outra dona e veio trabalhar com a gente. O Milton era um caso raro de carioca que queria ser paulista. A propósito, ele foi pra São Paulo e mora lá até hoje.

O CABEÇUDOS estava sempre organizando eventos em Jacarepaguá, e isso pra banda era muito bom, a gente sempre chamava as bandas pra tocar em Jacarepaguá principalmente na MHS e isso gerava um bom intercâmbio com outras bandas.

Na foto, Eu e o Marcelo D2 num desses shows na MHS.


Surgiu a oportunidade de tocar no Skol Rock, que ia rolar no Polo de Cine e Vídeo, perto do autódromo de Jacarepaguá. Mas a defesa civil interditou o local, um dia antes do evento, chegamos até a passar o som. Nunca tinha me ouvido tão bem. O show foi transferido pra Vitória no ES. Dias depois estávamos nós embarcando num ônibus com mais 5 bandas. Lembro que nesse dia fumei um bagulho dentro do ônibus que me deu a viagem mais doida da minha vida. Liguei meu inseparável WALKMAN, (é molecada, não existia MP3) com a fitinha do MIGHTY MIGHTY BOSSTONES e nesse dia, EU VI A COR DO SOM!! Ou melhor, as cores! Outro dia desses eu vi uma matéria do Fantástico onde descobriram uma mulher que via as cores e até sentia o gosto do som. Pois é, eu também vi e era iraaaaado!

Nós viajamos à noite toda, e quando chegamos no hotel Ilha do Boi em Vitória, neguinho achou uma "ponta" que era mais grossa que o meu dedo indicador. Só pra você ter uma noção da situação. Era um hotel 5 estrelas de frente para o mar, realmente muito bonito. Já chegamos chegando, um monte de maluco com calça larga e skate na mão. Os executivos ficaram doidos! Chovia bastante e mesmo assim os favelados cariocas tomaram banho de piscina de cueca. levamos um roadie, Cabelinho que tocou o terror na viagem.

Esse Skol Rock foi o bicho, tocamos com o Titãs num ginásio lotado, dava pra se sentir artista ali. Conhecemos o pessoal do MUKEKA DI RATO, (só moleque magrinho) hoje vendo os caras vejo como o tempo foi cruel com eles rsrsrsrss. Sacanagem, é brincadeira Mozine. Esse Skol Rock, nós não ganhamos, mas rendeu pra gente uma outra coisa muito melhor.

Na época que a rádio Cidade bombava aqui no Rio, rolou uma promoção pra bandas novas (PELAS BANDAS DA CIDADE). Você enviava a fita da sua banda e participava de uma seleção pra lançar um single pela WARNER MUSIC. Mandamos nossa fitinha e tivemos a feliz notícia de que tínhamos ganhado a tal promoção. Até então, eu nunca tinha ganhado nada na minha vida. Fomos lá na rádio e vimos várias caixas grandes de papelão cheias de fitas. Perguntei o que eles fariam com tantas fitas? A resposta foi simples: "Vão para o lixo!" Fiquei muito chateado, porque sabia o quanto era difícil gravar uma fita e produzir uma capinha legal e tudo mais... reconheci vários colegas de bandas ali dentro daquelas caixas.

Um dos caras que escolheram a gente era o Leléo da própria WARNER. Já sabíamos do resultado antes mesmo dele sair, agora a dúvida era: "Tocar P.N.C. da demo ou esperar a gravação do single?!" O Bahia que toca hoje no TIHUANA, trabalhava lá nessa época. Ele queria que a gente esperasse a gravação nova, mas a Moniquinha (Monica Venerábile) tinha a maior moral lá dentro e falou pra colocar a demo enquanto não ficava pronto o single.

Fomos gravar a música num estúdio lá em Copacabana, e quem produziu foi o Leléo. Pra você se situar, ele é o careca que está junto com o Jorge Davidson no Geléia do Rock do MULTISHOW. Gravamos em Copacabana e mixamos no estúdio AR na Barra com o saudoso TOM CAPONE. Na mixagem eu estava cheio de idéias hardcore, pedindo pra ele colocar efeito distorção na voz e outras coisas... ele olhou pra mim e falou: "Calma véio, isso aí você coloca no próximo disco, esse aqui é pra rádio!" Demorei a entender isso, mas nunca aceitei esse tipo de pensamento, enfim...

Eu particularmente sempre gostei mais da DEMO do que do Single da WARNER. Sabe aquela sensação de: "AGORA VAI!!" pois é, não foi. A warner não contratou a gente, mas pelo menos a música estava tocando na rádio. Resolvemos então gravar um clipe de P.N.C. pago a perder de vista. Gustavo Caldas dirigiu o clipe e virou nosso amigo. Depois de estar com o clipe prontinho fomos pra São Paulo, o Milton tinha uma abertura legal na MTV. Lembro de comprar um buquê de flores pra entregar pra Penélope Nova, coisas do Milton e ele é que estava certo, tudo isso gerou uma indicação para o VMB como melhor DEMO CLIPE. Gentileza, gera gentileza!

domingo, 27 de setembro de 2009

Bebe cachaça carai!!!

Durante o tempo em que tocava no T.N.M., quase sempre que saía para os shows ou festinhas da galera, enfiava a cara na cachaça. Cerveja era coisa de luxo, a cachaça subia rápido e deixava geral alegre! Na maioria das vezes o meu parceiro de birita era o Macarrão.

Uma vez fomos num show que ia rolar na Praça Seca, bem ali na praça mesmo. Montaram um palco e eu já tava no grau, já tinha tomado vários rabos de galo. No meio do show do MILÍCIA ARMADA, durante um cover do METALLICA, (lembra? Era minha banda favorita). Resolvi subir no palco pra cantar com os caras, mas não deixaram (bebum sem noção eu) e quando fui pular do palco, errei a passada e quase meti a cara no chão. Graças a alguns sóbrios embaixo eu não me arrebentei todo. O palco era alto pra caralho, sei que o susto foi tão grande, que o efeito do álcool passou imediatamente.

Em Jacarepaguá nessa época fervia de "festivais de bandas". Sempre com as figurinhas carimbadas, MÃO DE ONZE, ZUMBI DO MATO, LOS DJANGOS, MOM'S DEAD, METÁFORAS... e em quase todos, lá estava eu com a minha camisa do SEPULTURA, que diga-se de passagem fedia horrores, não importava se estava limpinha, era só começar a suar, que parecia que tinha esfaquiado um bode.

Num desses festivais, depois do show do MOM'S DEAD, subi no palco durante o intervalo, o microfone estava ligado e gritei com muita vontade uma frase que tinha ouvido na minha fitinha do SEPULTURA. "Pau no cu dos new waves!!!!" O silêncio tomou conta do lugar, todos olhando pra minha cara e eu, mesmo muito bêbado fiquei com muita vergonha!!

Galera do condomínio Gramado, mostrando o carinho pela banda.

Nesse dia o Vinícicius tomou banho de vinho, e na volta pra casa teve que pular o muro porque o portão estava trancado. Inventei uma história pra botar pilha, que todo mundo acreditou. Falei que o Vinícius chegou bêbado em casa e o pai dele estava esperando ele com um cabo de vassoura na mão. E que ele tinha sido espancado, e o pai dele quebrou o cabo da vassoura nas costas dele. Como ele estava muito bêbado, acabou ficando todo ralado na hora de pular o muro, as marcas estavam lá, não tinha como negar. Agora estou aqui desmentindo, depois de 15 anos ou mais. O César nunca bateria no Vinícius. O César sempre foi um paizão.

Numa outra ocasião, eu e o Vínícius estávamos numa festinha na casa de um camarada nosso num condomínio perto da nossa casa. Tudo corria bem... violão, meninas e muita cachaça com refrigerante, a "porradinha" corria solta. Lá pelas tantas o "fodão" aqui entrou numa de tomar um copo daqueles grandes usados pra suco, cheio de 51. Definitivamente, isso não foi uma boa idéia. Depois disso, tudo ficou fora de foco. Nessa época eu estava dando uns pegas numa menina no final da rua, me falaram que ela estava me chamando. Desci a rua muito mal, chegando na casa dela, vomitei muuuuuito no terreno ao lado.

Aquela ali gostava de mim mesmo, depois disso tudo ainda beijou minha boca. Não demorei muito ali, tinha que ir pra casa, afinal, eu estava muito mal. Encontrei com o Naja, o Gralha e o João, batera dos Djangos. E lá fui eu tomar cerveja... sinceramente, já não conseguia mais ficar em pé. O Naja falou pra eu dormir na casa dele, aceitei porque a gente estava na entrada da rua dele.Fui tomar banho, sentei no faso pra tentar dar uma barrigada. Derrepente uma vontade absurda de vomitar. Tentei acertar um ralinho que estava na minha frente, vomitei todo o banheiro e não consegui acertar o bendito ralo. Tomei um banho frio e subi, enquanto ele limpava o banheiro. Putz, esse era meu amigo mesmo.

No segundo andar tinha um beliche, ele falou pra eu dormir embaixo, era mais seguro. Colocou uma caixa de sapatos do meu lado, caso eu quisesse vomitar mais. Quem disse que lembrei da caixa? Só vi aquele janelão aberto, me debrucei e mandei tudo lá pra baixo. E assim foi até de manhã, lá pelas 8 horas resolvi ir pra casa, desci a rua dele igual bolinha de pinball, fui costurando a rua.

Com muito sacrifício consegui chegar em casa. Minha mãe a essa altura, não tinha dormido nada preocupada comigo. Cheguei em casa doido pra deitar, lembro do meu pai parar no corredor e falar: "Ele tá verde!"

Eu não parava de vomitar, tive que ir para o hospital. No taxi, sentei na frente com uma sacola de supermercado no colo, atrás minha mãe fazia o enterrogatório: "Você bebeu?" E eu na maior cara de pau: "Claro que não, foi alguma coisa que eu comi!" Sendo que eu estava fedendo a cachaça, saía pelos poros, e o pior era ter que aturar a cara do taxista, dava pra ler os pensamentos dele: "Que filho da puta, enxeu a cara de cachaça, agora fica mentindo pra mãe!"

Tomei uma injeção e ficou tudo certo. Coitado do Naja, depois ele me contou rindo do estrago que eu fiz na sua casa. Esse era um bom amigo, anos depois morreu assassinado a tiros num buteco na Taquara.

Esse é mais um que vai deixar muita saudade!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Diga-me com quem andas...

O início da minha carreira como baixista não foi muito boa. Como falei anteriormente, aprendi a tocar baixo num violão, e quando consegui comprar um instrumento certo, minha mãe vendeu o danado. Mas também, eu dei mole, anunciei no jornal O Balcão e esqueci de falar pra véia que tinha desistido de vender. O preço era baixo (com perdão do trocadilho), não daria pra eu comprar um outro melhor, sem ter que pagar uma diferença grande.

Fiz o meu ensino médio no colégio Brigadeiro Shortch, ali na Taquara. Na minha turma tinha um maluco que só me levava pras furadas, pensando bem, ninguém me obrigava a ir.
Eu estava precisando de um baixo, e ele sugeriu da gente ir até a FEIRA DE ACARI, mais conhecida como ROBAUTO. Segundo ele, eu encontraria um ótimo baixo, por um preço pequenininho.

E lá fomos nós pra Acari, se pedir pra eu voltar lá de ônibus acho que não saberia voltar. Chegando naquele belo lugar, vi de tudo pra vender, geladeira, fogão, papagaio, piriquito, até a sogra neguinho botava pra vender, tinha uma à dias amarrada num poste. Mas o baixo que é bom, nada. Já estava cansado de rodar aquilo tudo, quando tive a brilhante idéia de comer um pastel de queijo, acompanhado de um suculento caldo de cana. Tava de lamber os beiços, afinal, eu estava morrendo de fome. Tinha que aproveitar as promoções. Juro por tudo que é mais sagrado, em menos de cinco minutos após ter ingerido aquela coisa. Tive calafrios absurdos, aquela vontade de cagar que arrepia até o dedão do pé. E o desespero? Naquele inferno não tinha um banheiro, parecia até pegadinha.

Eu falei: "Porra véio, vamos embora então, que o negócio tá sério!" Subimos num ônibus, que eu nem sei qual era, a essa altura já tava dando teto preto de tanta vontade de borrar. Infelizmente não consegui segurar mais que 10 minutos...

Levantei de onde eu me contorcia, puxei a cordinha, e já desci do ônibus cagando nas calças. Sentei na calçada e... chorei. Meu querido amigo, colega, miserável que me levou para aquele inferno, até tentou me ajudar, mas não tinha mais o que fazer. Enquanto eu esperava sentado na calçada, meu "querido colega" foi até o outro lado da rua, onde tinha um posto de gasolina. Sabiamente, já deixou a porta do banheiro aberta e foi lá me dar a boa notícia. Certo é o ditado que diz: "O que é um peido, pra quem está todo cagado?!"

Me levantei com todo cuidado do mundo, afinal, estava escorrendo pelas pernas. Segurei a barra da bermuda, pra fazer a contenção, e fui. E pra limpar... que merda! Grudou tudo nos pelos das pernas, foi foda!

Não sei porque, eu estava com duas bermudas. Por cima uma bermuda cargo do exército (Punkeeeeeeeee) e por baixo uma bermuda de moleton, não, eu não estava de cueca. Fiz o melhor que pude, lavei o que deu pra lavar, mas o cheiro não saía. FODA-SE!! Vamos embora pra casa. Uma coisa eu aprendi. Não tem jeito... liga o FODA-SE!

No ônibus as pessoas se entreolhavam pra tentar descobrir de onde vinha aquele cheiro horroroso. Nosso amigo ria compulsivamente, e eu lá, firmão, sério. De vez enquando eu olhava pra sola do tênis e resmungava coisas do tipo: "Essas pragas desses cachorros, emporcalham a rua toda."

TARDE DE TÉDIO.

Numa outra ocasião, o mesmo cidadão me convidou pra ir num puteiro. Não tinha porra nenhuma pra fazer de tarde, resolveu me levar no puteiro. Eu falei: "Maluco, eu não tenho dinheiro!" E ele: "Esquenta não, eu pago a sua. Estou com R$30,00, é só pegar duas putas de 15." Daí você já vê que não vem coisa boa.

Fomos nós para o centro da cidade do Rio de Janeiro de meu Deus. Era o prédio da putaria aquilo, sei que muitos vão identificar logo. Fomos de andar em andar, e eu tendo que ouvir aquele infeliz perguntando: "Quanto é o RELAX?" Se fosse vinte fudeu, já não dava! Foi quando chegamos na porta FROM HELL...

Apertou a campanhia, abriu-se a porta do desespero. A pergunta básica: "Quanto é o RELAX?" Veio a resposta que eu temia: "Pra vocês é R$15." Nem deu tempo de argumentar, o maluco entrou doido, já catou a bruxa do mar pelo braço e levou pra cabine. Eu fiquei de bucha com uma velha tosca, que me assediou durante todo o processo de aleitamento daquela pequena e magrela criatura de BLAIR.

Enquanto meu amigo da onça descarregava sua tenção lá dentro, eu ficava mais tenso lá fora. A velhinha apertava minhas bolas, na tentativa frustrada de me deixar com vontade de fazer um amorzinho gostoso com ela. Quando eis que surge a nossa little monster, com uma camisinha cheia de porra na mão, um sorriso nos lábios e o comentário que fechou com chave de ouro, toda aquela aventura de terror: "Aí amiga, outra dessa eu não aguento!!" P.S. A amiga era a velhinha que me que me queria.


IRON MAIDEN


"Vamos no show do IRON MAIDEN no Maracanãzinho?" Essa foi a questão levantada na entrada do colégio, poucas horas antes do show. Rockeiro que é rockeiro estuda de noite. Aí começa... vamos, vamos, vamos! Quando vi já tava dentro do ônibus matando aula e indo ver o Bruce Dickinson e banda, sem um centavo no bolso, pra variar, né?

Chegamos. E agora como entramos? Nós éramos quatro. Alguém falou:"Vamos pular!" O muro que cerca o Maracanãzinho deve ter uns 4 metros, eu me senti um artista de circo. Sobe nas costas de um, segura no braço do outro e finalmente conseguimos subir no muro! Igual aqueles documentários na DISCOVERY CHANNEL sobre formigas atravessando rio, saca?

O mais fácil foi se jogar lá dentro, só não contávamos com os guardas e os cães. Imagine aquele filme, onde os presos no campo de concentração querem fugir, pois é, agora imagina isso ao contrário. Conseguimos chegar na rampa, que dá acesso ao telhado. Ficamos um bom tempo na espreita, de repente apareceu um cara na grade chamando a gente e perguntando quanto tinha pra pagar. Putz, eu tava duro, ou entrava todo mundo ou não entrava ninguém. Sei que cada um deu uma merreca para o segurança e passamos por um buraco que já saía na arquibancada.

Os meu parceiros estavam doidos pra fumar a sobrancelha do Papa, e eu tava na pilha de assistir ao show mesmo. Eles subiram uns degraus e apertaram um bracinho de Judas. Só foi acender, vieram dois caras dando carteirada e enquadrando os moleques. Porra véio, e eu ia fazer o quê? Ficaram naquele desenrolo, e os caras foram embora com a maldita deles.

Pelo menos curtimos o show, vi o Bruce Dickinson atirar uma baqueta na cabeça do guitarrista que parece um puddle, numa tentativa frustrada de jogar pra galera. E o pior... ainda virou a cara finjindo que não foi ele. Miserável!

Eu achando que ia pra casa depois do show, escuto assim: "Agora é Circo Voador!!!"
Resumindo, ainda assisti ao show do Celso Blues Boy, e não gastei NADA! O pior foi chegar em casa às 7 da manhã e ver meu pai saindo pra trabalhar.

Foram muitas outras aventuras com essa galera do meu colégio! Vou tentar lembrar de todas pra contar!

Continua...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Transição.

Eu nunca gostei muito de estudar, não sei explicar... na sala de aula eu vivia sempre em outro planeta. Não conseguia me concentrar, até hoje sou assim, as vezes me pego pensando em milhares de coisas ao mesmo tempo, quando deveria estar concentrado na tarefa que estou executando.

E pra dar entrevista pra tv e rádio? Eu começo a viajar em como a imagem está aparecendo na casa da pessoa que está assistindo. Será que a imagem tá limpa? Será que vai mudar de canal? Será que o audio está bom? Coisa de doido, mas esse sou eu.

Mais ou menos em 1995, o T.N.M. já não fazia mais shows, nem ensaiava. Mas eu ainda tinha a esperança de ressuscitá-lo. Foi quando recebi um convite pra fazer uma espécie de segunda voz no CABEÇUDOS. Como estávamos sempre juntos e eu vivia na casa do Helinho, o vocal da banda... aceitei o convite. Era pra fazer um show no GARAGE. Lembro que já no primeiro ensaio montamos o esqueleto de umas 3 músicas novas. Eu tinha várias letras e foi até fácil o entrosamento musical com a galera. Era pra ser apenas uma apresentação, mas ficou tão legal que acabei entrando pra banda, afinal, o T.N.M. já tinha acabado mesmo, isso foi só a última pá de terra que faltava.

Nessa época a banda era: Helinho no vocal, Zé na guitarra, Júnior no baixo, Ricardo na outra guitarra e o Baba na bateria. Eram 6 cabeças comigo. Diferente do T.N.M. percebi que quase todos na banda corriam muito atrás pelos os interesses do grupo. Me senti em casa! Sabia que poderia contribuir e muito para o crescimento da banda. Acabou que o show no GARAGE não aconteceu. Pé frio eu? Acho que não!

Eu tinha acabado de me tornar um Mc Escravo. Eu falo que não servi o quartel, mas trabalhei no Mc Donald's. Trabalhava pra caralho e ganhava uma miséria. A loja que eu trabalhava fica na Rua Uruguaiana no centro do Rio. Na hora do rush a fila quase dava volta no quarteirão e não era com queijo. Só tinha dois funcionários que não perdiam virada do Big Mac, eu e o Rodrigo. A chapa naquela época, tinha que fazer viradas de 12 + 12 + 12 carnes sem parar, apitava tinha que virar a carne. O tal revesamento de áreas que era pra ter, não existia pra mim, nem para o Rodrigo. Dei muito lanche pra amigo, o próprio Max baixista do HEADACHE quando trabalhava lá no Centro, comeu Big Mac de graça.

Vou contar algumas histórias de bastidores de Mac Donald's. Uma vez eu estava lá atrás onde a gente chamava de Back Room. Estava eu lavando o filtro da minha chapa, quando chega o Martins, puto da vida por terem mandado ele fazer suco. O Martins era um negão que suava pra caraca quando estava na chapa. Tiraram ele da chapa pra fazer suco "rapidinho". Ele jogou o concentrado de laranja dentro de um balde de inox, jogou água... e cadê a espátula pra mexer o suco? Sei que ele arregaçou a manga da camisa e enfiou O BRAÇO TODO, quase até o sovaco dentro do suco, e começou a rodar.

Eu falei assim: "Caraca Martins, tá maluco? você tá todo suado!" E ele: "Que se foda, não sou eu quem vai beber essa merda!" Depois disso ele tirou o braço cheio daqueles bagacinhos de laranja, raspou com a outra mão jogando tudo dentro do balde e levou o suco lá pra frente! Depois disso nunca mais bebi suco.

Eu trabalhava na abertura da loja, chegava lá umas 7 horas da manhã. Um dia o gerente pediu pra eu lavar os banheiros dos clientes que fica no segundo andar. Pensei: "Beleza, rapidinho eu faço isso!" hum... passei um pano no banheiro masculino, quando fui limpar o banheiro feminino, a porta estava trancada. Na minha inocência, achei que o pessoal da manutenção havia trancado a porta por algum problema que eu até então desconhecia. Peguei meu café da manhã, e subi pra lanchar.

Sobe o Antônio (Gerente), ele era a cara do Eddie Murph, mais debochado e sonso não existia. Com aquele sorrisinho de filho da puta na cara, me pergunta assim: "Lima, você limpou os banheiros?" Eu falei: "Cara, só não limpei o banheiro das mulheres, porque eu pensei que estivesse com algum problema." Aí ele com tom de deboche: " Ahhhh você pensou?" Aí já comecei a ficar puto: "Fala Antônio, o quê que tem o banheiro das mulheres?" Aí ele fecha a cara e fala: " Porra, tá com MERDA até o teto e você vai ter que limpar!" Eu falei: "NEM FODENDO!!!! Muito mal lavo o banheiro da minha casa, vou limpar merda dos outros aqui? É ruim hein!"

Caralho, o negão ficou puto e desceu bufando. Pensei:"Agora fudeu!" Tirei meus minutos de lanche que faltavam e desci. Passando pelo corredor vejo o Élder, quase vomitando, com luvinha e esponja esfregando as paredes. Sinceramente, não sei como conseguiram fazer aquilo. Aquele cu só poderia ter pregas giratórias. Tinha jatos de bosta em todas as paredes do banheiro. Coitado do Élder... achei que eu ia ser mandado embora, mas ninguém tocou mais nesse assunto.

Esse mesmo Élder, era um moleque magrinho, meio afeminado, só andava com as meninas pra cima e pra baixo. Se fudeu uma vez! Tinha o elevador de carga, e todo mundo colocava a cabeça dentro pra gritar lá embaixo pedindo pra subir e descer coisas. Ninguém sabe como... esse moleque colocou a cabeça dentro do elevador de carga lá encima, e o elevador desceu prendendo a cabeça dele, só se ouvia os gritos. Quem subiu voado e tirou ele foi o Martins, é... aquele mesmo do suco. O moleque saiu todo mole, com a cabeça amassada.

Ali, tinha gente de todo o tipo. Eu me divertia. Ganhava mal, mas me divertia! uma vez sem querer passei pra frente um Mc Chiken com uma baratinha dentro, juro que foi sem querer, ela estava no meio da alface, por isso não vi! O sanduíche voltou com a bichinha decapitada!

1 ano e 4 meses assim, acho que não saí antes por causa da galera. O clima era muito bom, e apesar de tudo, era um bom ambiente de trabalho!

Descanse em paz!

Logo no início do T.N.M. eu já tinha me mudado do condomínio onde morava o Edinho, a gente já se falava muito pouco, ele foi seguir a carreira militar, virou sargento da Aeronautica. Já não tinhamos mais tanto contato. Tínhamos muitos amigos em comum, um deles era o Sapão, que volta e meia esbarrava comigo por aí. Fiquei sabendo que uma ex-namorada do Edinho estava grávida dele e estava esperando um menino.

Assim que gravamos nossa demo fui lá levar uma pra ele, fita essa que ele ouvia sempre. Por conta do trabalho dele e das nossas vidas que acabaram tomando outro rumo, quase já não nos víamos mais. Um dia recebi a notícia de que ele estava com câncer.

O Edinho parecia um touro. Enquanto os moleques da nossa idade eram todos magrelos, ele parecia peão-de-obras, ô bicho forte. Nessa época, tinha um cavalo de corridas que ganhava tudo, ITAJARA. Era assim que a gente chamava ele. Não dava pra brincar de pique pega com o Edinho, quando você via, ele já estava te dando um tapão nas costa. Tinha um jogo que a gente chamava de TACO, e sempre jogávamos no estacionamento do condomínio. Duas duplas. Uma dupla arremessava a bola pra derrubar a lata, enquanto a outra tinha que rebater a bola, enfim... Todo mundo tinha o seu taquinho humilde, o nosso amigo Edinho não. Ele usava um cabo de enchada, que ele chamava carinhosamente de BAIABA.

A doença foi cruel, consumiu meu amigo muito rápido. Um dia o Sapão foi na minha casa falar que o Edinho tinha tido alta, e que queria me ver. Não achei que seria tão urgente. Não deu tempo...

Quando fui na sua casa ele já estava morto, deitado na cama, fardado e magro como equelas figuras que a gente vê em fotos da Etiópia. É muito ruim perder um amigo assim, e durante muito tempo fiquei me sentindo culpado por não ter ido logo ve-lo. Se hoje tenho uma banda, se hoje gosto de música punk, hardcore... é por causa dele.

Alguns anos após a sua morte, minha mãe encontrou com a mãe dele, e me falou uma coisa que me deixou muito emocionado. Seu filho, já com uns 3 ou 4 anos, quando ia visitar a avó, sempre pedia pra ela colocar a "música do papai". A tal música do papai era a fita demo do T.N.M. que eu tinha dado pra ele.

Não sei se foi porque eu fiquei muito abalado com isso tudo, mas meses depois eu tive um sonho com o Edinho, onde ele me abraçava e falava que estava muito feliz em me ver. Ele me pareceu bem feliz e tranquilo no sonho, daí em diante parei de me culpar tanto. Tenho boas lembranças dele e isso é o que importa. A vida continua, e só desejo muita saúde para o seu moleque.

Continua...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pouco tempo, muita história.

Com Fabrício sempre tinha algum problema, uma vez ele sumiu no dia do show que a gente ia fazer também no GARAGE, era foda marcar show lá, quando a gente conseguia uma data tinha que levantar a mão para o céu e agradecer. O Fabrício era foda, dava até raiva, mas ao mesmo tempo a gente se divertia com ele.

O Fabrício acho que foi criado por avó em apartamento, acho que ele jogava bolinha de gude no carpete. Certa vez o nosso caro amigo Sérgio Pessoa, convidou a gente pra ensaiar na casa do primo dele lá em NILÓPOLIS, pra quem não sabe, JOTA QUEST explica. "Jacarepaguá é longe pra caralho!" Nilópolis é do outro lado, saca? MAIS LONGE AINDA!


E lá fomos nós, pegamos um ônibus até Cascadura e de lá um trem pra Nilópolis, puta que merda, um calor do caralho. Como a gente só andava com o dinheiro contado, resolvemos passar juntos pela roleta da estação de trem, o cobrador deixou, estava tudo certo. Passei com o Vinícius, ele virou de frente pra mim e passamos sem nenhum problema. Quando o Fabrício foi passar com o Sérgio... pra que vocês entendam, o Sérgio deve ter 1,90m, é um cara bem grande... o Fabrício ficou de costas para o Sérgio, tipo, apoiou a barriguinha na roleta e levantou o popozão hahahahaha!! Acho que foi a cena mais engraçada e bizarra que eu já presenciei. O Fabrício preso na roleta e o Sérgio agarrado atrás dele. O moleque começou a espernear, aí que ficou engraçado mesmo!! O cobrador do outro lado da cabine, quase caiu pra trás com a cadeira de tanto rir. Quando os dois finalmente desengataram, o rapaz estava vermelho igual um pimentão, eu e o Vinícius caídos no chão de tanto rir, tinha que ter filmado isso. Acabou que fomos lá à toa, nem ensaiamos. E na volta, já na estação de trens de Nilópolis, o Sérgio falava assim para o Vinícius: "Vinícius, sai da beirada, Vinícius, sai da beirada!" Sendo que ele também estava na beirada, passou um trem do lado deles, o Vinícius saiu e o Sérgio tomou-lhe um tapão na orelha, e uma bela de uma cusparada!! E o maluco ainda xingou ele... SAI DAÍ Ô FILHO DA PUTA!! E o Sergio todo sem graça: "É por isso que morre, por isso que morre!" Putz, esse dia foi muito engraçado.

Nós quase sempre íamos ensaiar só com o dinheiro pra pagar o estúdio, a gente ia andando para o ELAM, que ficava à uns 40 minutos de caminhada da nossa casa, se pegasse um ônibus era pra dar calote, passar por baixo da roleta... num desses dias, fomos para o ensaio, mas não queríamos ir a pé, então pegamos o busão, pedimos pra passar por baixo da roleta, o cobrador não se opôs... tudo bem, passou o Vinícius, eu passei, quando foi a vez do nosso menino prodígio, escutamos um barulhão, BLAM!! Olhamos pra trás estava lá um corpo estendido no chão em meio a pratos e baquetas, o nosso guri, com as perninhas para o ar, tentando se levantar!

A gente ensaiava sempre no ELAM, o Ariel é irmão do Leandro que é dono do estúdio, as vezes ele ia fechar o estúdio e quase sempre a gente era a última banda. A gente podia jurar que aquele maluco não suportava a gente. Até que um dia ele ofereceu uma carona, e soltou a pérola: "Porra, aquela música de vocês, LUCIANA VADIA VAGABUNDA é muito maneira!!" rsrsrsrs coisas do rock. Virou nosso brother!

Lá no ELAM, onde deveria ser a "técnica" do estúdio, funcionava uma sala de aula de bateria, tinha sempre uma menina de uns 13 para 14 anos tendo aula de batera, ela falava para o COSME (que é professor de lá até hoje), que estava ali pra aprender a tocar aquilo que a gente estava tocando, ou seja HARDCORE. Mais pra frente, vocês vão saber o destino dessa menina.

Até que fizemos bastante show com essa formação, mas o Fabrício resolveu sair, ou eu tirei ele da banda? Não lembro. Só lembro que ele já não estava mais afim de tocar a muito tempo. Quero deixar registrado que o Fabrício foi um dos melhores bateristas com quem eu já toquei, o moleque com as baquetas era foda!

Eu estava prestes a me alistar no quartel, que merda! Ia ter que cortar o cabelo, caso fosse servir. Todos os meu amigos estavam sobrando, acho que só o Carlyle, baixista do DJANGOS serviu, mas eu não queria de jeito nenhum ficar enfiado num quartel com um monte de cuecas. O Macarrão, aquele da oficina, lembra? Então, a mulher dele na época, uma loira bonita, estilo européia com peitão, foi no quartel pedir para o comandante liberar o macarrãozinho dela. Do jeito que tava, era mais fácil ele ficar, só pra ela poder visitar ele lá dentro e fazer a alegria da rapaziada. Mas no final das contas, ele acabou sobrando.

Eu, nervosão na minha primeira apresentação na vila militar (tiveram outras), cabelo preso (rabo de cavalo), passou um sargento e falou assim: "Guerreiro, solta esse cabelo!" e eu falei: "Por que?", e ele respondeu: "Porque está atrapalhando!!!" Vai entender, soltei a juba sem contrariar aquele senhor que me parecia um tanto aborrecido.

Chegou a minha vez da entrevista, e um outro sargento me perguntou: "Quer servir ou quer sobrar?" Eu nem pestanejei, falei que não queria servir com a maior convicção do mundo. Então ele me pergundou se eu gostava de ROCK, respondi que sim, aí ele me perguntou se eu já tinha ido ao CIRCO VOADOR. Respondi que sim, muitas vezes! Foi quando chegou o momento mágico, ele olhou pra mim e falou: "Aposto que debaixo dessa blusa tem uma camisa com uma caveira!" Eu estava com uma blusa de malha azul, por cima de uma outra camisa branca, também de malha. Eu gelei, levantei a blusa e lá estava ela, a boa e velha camisa do EXPLOITED, com aquele caveirão enorme. A essa altura eu já era o centro das atenções, já estava todo mundo a minha volta, rindo pra caralho, e eu com aquela cara de bunda.

Resumindo, o sargento gostou de mim. Falou que queria que eu service e não me liberou, tudo isso depois de eu ter que ouvir todas as suas histórias de "Roqueiro Militar".

Na segunda apresentação, tinha exame médico, prova física e escrita (tinha uns caras que colavam). Mandaram a gente colocar toda a roupa dentro de um saco de lona fedorento pra cacete. Todo mundo peladão puxando ferro. Depois em fila (eu boladão com o negão atrás de mim) mandaram a gente fazer flexões. Porra, fazer flexão pelado é foda! O pau encostava naquele chão frio e sujo, foi foda. Levantamos, foi quando veio o melhor, um sargento daqueles mandou levantar o saco e assoprar (nas costas da mão, não precisa nem falar, né?), um cidadão do meu lado, levou a ordem ao pé da letra. LEVANTOU O SACO E MANDOU UM ASSOPRADÃO NAS BOLAS!!! Não há santo que aguente esse nosso exército brasileiro!

Só sei que vi a cama que eu ia dormir e já estava desesperado, foi quando num momento de brilhantismo da minha parte, no último exame médico. Falei que tinha hérnia, e o médico nem pensou duas vezes ou se quer me examinou, mandou eu esperar lá fora. SOBREI!! Se eu soubesse que ia ser tão fácil tinha falado isso a mais tempo, não tinha passado tanta humilhação!

Eu tinha um grande amigo que andava de skate comigo e que tocava bateria. Ele até tocava bem o punk rock, mas o HARDCORE, hum... não era o forte dele, talvez por ser gordinho! Esse era o Alexander Patrício, O GRALHA!

Ficou no T.N.M. muito pouco, acho que nem fizemos shows com ele. Parecia que era o fim da banda.

Eu levava as coisas muito a sério, e os meus companheiros, só queriam se "divertir". Ter uma banda, querendo ou não, requer responsabilidades, ou então você só vai ensaiar... e olhe lá! O Gralha nessa época estava montando uma outra banda, chamada: PIPUS QUACK FUJÃO, era um punk rock besteirol. E acabou não ficando no T.N.M., era o fim.

Continua...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Finalmente o primeiro show!!

Estávamos ensaiando direto, o repertório estava na ponta da língua, só faltava arrumar uma banda pra dividir com a gente a noite. Pensamos no HEADACHE uma banda de crossover da área, que na época já tinha um público legal.

Fiz um cartaz e saímos pelo bairro pra colar. Era uma adrenalina quase igual ao tempo em que eu pixava as paredes, só que sem polícia dando tapa na cara e pintando nossas cabeças. Numa dessas achei que fosse morrer, estava pixando e veio um carro voado pra cima de nós, quando as portas se abriram, tinham dois caras com pistola na mão, já enquadrando e revistando eu e mais dois amigos. Quando acharam o birro não deu outra, tapa na cara, cabeça pintada, e aquela arma apontada pra minha testa.

Hoje vejo como era uma diversão idiota e inconsequente, poderia ter morrido por nada.
E pra tirar toda aquela tinta do cabelo? Tivemos que lavar a cabeça com querosene. Aí vai um conselho: NUNCA FAÇA ISSO! Queimei a minha cabeça toda, fora o cheiro que ficou. Quase uma semana depois, ainda se sentia o cheiro! Também, depois disso, piolho NEVER MORE!

Bom... voltando aos cartazes, primeiro show... a timidez imperava, como fazer pra vencer isso? Levar um som com os amigos em casa sem ninguém ver é uma coisa, fazer um show pra mais ou menos umas 50 pessoas era outra. Na noite do show não deu tempo nem de tomar banho e colocar um tênis, o dia voou, quando vimos já era hora de tocar. Banho pra quê? Tênis pra quê? Foi descalço mesmo.


Reparem na foto que estou descalço e com o baixo do MAX (headache) emprestado. Punk com cara de headbanger!!!

O equipamento era o mais sarapa possível, uma bateria SAEMA, com uns pratos que pareciam tampa de panela, a voz era ligada numa caixa CICLOTRON junto com a guitarra, (meu DEUS) e o baixo numa outra caixinha que não havia sido registrada pelo pai, nem nome a coitada tinha! O Vinícius já tinha trocado a JENNIFER por uma GOLDEN LES PAUL, menos mal. Já eu, tinha um baixo GIANINNI que minha mãe vendeu sem me falar nada, tive que pegar o podrão emprestado, (está comigo até hoje) um JENNIFER roxo. O show foi foda, apesar de tudo arrebentamos e a galera saiu de lá feliz da vida.

O HEADACHE fechou a noite, que diferença. Guitarra importada, baixão maneiro, pratos bons... showzão, mas pra gente já tinha sido ótimo, descobrimos que a galera podia gostar daquela tosqueira que a gente fazia. A timidez? Morreu afogada num copo de cachaça, ou sufocada atrás da cabeleira.

PF com a sua guitarra gringa! Não era pra qualquer um em 1993.

Max com o seu GOLDEN preto, depois desse veio um IBANES.

Depois disso fizemos outros shows, com direito a teco de amêndoa em praça pública e tudo. rsrsrs Se não desviasse a cara, tomava na testa. Nessa época tinham umas bandas despontando no cenário. Em Jacarepaguá tinha o CORAÇÕES E MENTES que depois virou KAMUNDJANGOS e hoje é DJANGOS já causavam um burburinho. Em todo o Rio de Janeiro estavam pipocando boas bandas, tinha o SOUTIAN XIITA, POINDEXTER, CABEÇA, SEX NOISE. Lembro de assistir a um show do GANGRENA GASOSA num buteco na Taquara que acho que só cabia os caras da banda lá dentro.

Resolvemos gravar nossa tão sonhada DEMO, arrumei um trabalho de ajudante de pintor numa oficina para poder conseguir a grana. Primeiro dia, o Zezinho dono da oficina virou pra mim e falou: "Lixa aquele Santana ali, que vamos pintar ele todo!" Em menos de 5 minutos eu já tinha lixado o carro todo, fui todo feliz avisar que o "serviço" já estava pronto, ele riu na minha cara e falou assim: " Tá maluco, eu quero esse carro fosco, o carro ainda tá brilhando!" Porra, deu vontade de chorar, o Santana era grande, esfolei minha mão toda, mas deixei o bicho fosco! Quem trabalhava comigo na oficina era o Macarrão, baixista de uma banda de THRASH METAL chamada MOM'S DEAD. Tempos depois, fomos tocar juntos numa banda chamada ESQUISITO PRA CACHORRO.

Consegui a grana pra gravar a DEMO do T.N.M., marcamos umas horas no estúdio do Gultje, baterista da PLEBE RUDE. Esse estúdio ficava em Botafogo, o pai do Vinícius levava a gente, depois ia buscar. Gravamos umas 5 músicas e estamos esperando até hoje a fita ADAT dessa gravação, ô cara enrolado... a gente também era faixa branca pra caralho.

Fitinha na mão, mesmo sem mixar direito, porque ele só levantou as músicas. E daquele jeito! Mandamos pra todos o ZINES que conhecíamos, nessa época o Sérgio escrevia um zine que ajudava bastante a gente na hora de divulgar. Uma vez chegou uma carta pra gente do Japão, acredite se quiser, uma menina que morava lá tinha ouvido falar de duas bandas que estavam despontando no cenário hardcore underground aqui no Brasil, uma era uma tal de RAIMUNDOS a outra era o T.N.M., mandamos a fita para o Japão, de um lado T.N.M. do outro RAIMUNDOS.

Um show memorável foi no saudoso GARAGE ART CULT, com as bandas: EMBRIÕES e SUB-ATITUDE. Quando chegamos no lugar, nos deparamos com alguns carecas. Tudo bem que aqui no Rio isso nunca foi muito sério, mas a gente era moleque e nunca tinha visto aquilo, uns trogloditas se agarrando no chão, acho que foi ali que surgiu a onda dos PITBOYS JIUJITEIROS.

Haedache na porta do Garage. Sentados Cacique e Max, atrás em pé Tatá e PF.

Quando subimos no palco pra tocar, tivemos a infeliz idéia de abrir o show com uma musiquinha assim: "É natal, é natal, careca não tem natal, pão na mesa uma cerveja tá tudo legal, oi!!" Não preciso nem dizer que a fúria se voltou contra nós, né? Três moleques cabeludos, zoando com os caras. Sei que eu olhava para o Vinícius do meu lado esquerdo e só via aquela cara de pavor, o Fabrício quase entrou no bumbo da bateria e eu queria correr, mas a saída era na direção deles, então o palco ainda era o lugar mais seguro. O show seguiu e nossos amigos do D.D.T. (Destruidores de Tímpanos) viraram a turma do deixa disso, e eles conseguiram, graças a DEUS, sou muito grato por esse ato de caridade da parte deles.


Esse era o D.D.T., com pelo menos uns 100kg à menos de banda. Baiano (embaixo), Marcel, Gustavo Ramones, Xaxá e Rafael.

No meio do set list resolvemos tocar uma música de uma banda oi chamada VÍRUS 27, foi quando eu gritei REPRECAAAAAAAAAAAAOS, caraca, o GARAGE veio abaixo, eu lembro de uma mina PUNK com um moicano grandão entrando correndo e a porrada comendo na roda lá em baixo. Acho que ganhamos os caras aí. No final ficou tudo na paz!

Certa vez a MTV inventou de cobrir um show no nosso amado ENCRUZILHADA BAR, show organizado em conjunto com o NECRÓFAGO, que viria mais pra frente se chamar CABEÇUDOS.

Definidas as bandas: POINDEXTER (pra levar público, assim a gente achava), D.D.T., BRONCOS, T.N.M. e NECRÓFAGO.
Show pronto, entrevistas antes do show e cadê o Fabrício? Ô moleque complicado... Nada do Fabrício e já estava quase na hora da gente tocar, eu já havia entregado a fita demo pra menina responsável pela matéria. Eu estava com a maior cara de cachorro sem dono e falando assim:" Vê o que você pode fazer pela gente".

Nada do Fabrício, a essa hora o pessoal já estava com pena da gente, achando que não íamos mais tocar. E eu puto dentro da roupa, foi quando o César, pai do Vinícius, decidiu ir lá na casa do Fabrício saber o que estava acontecendo. Entramos no carro e quando chegamos lá, vem o Fabrício com a maior cara de cú: "Meu pai me colocou de castigo, não vai dar pra tocar!" O QUÊ? TÁ MALUCO? Enfiamos ele dentro do carro, sequestramos mesmo. O César falou assim: "Depois eu converso com o seu pai!' Tocamos por último, foi um showzão.

Lembra da fita que eu entreguei na mão da mina da MTV? Pois é, foi parar na mão do baixista do BAD RELIGION que estava passando pelo Brasil, procurando bandas para o seu selo. Ser elogiados na MTV, pelo cara do BAD RELIGION, não tem preço. Semanas depois recebemos uma carta dos E.U.A., em nome da banda e adivinha quem perdeu sem ao menos ler? Acertou quem pensou Fabrício. A casa dele era a melhor pra receber correspondência. Só que ele não era a melhor pessoa pra receber!

Continua...

Início ou quase.


Vou tentar manter uma ordem cronológica dos fatos, sei que vai ser difícil, mas prometo tentar.

Meu nome é Fabio A. Lima, mais conhecido como Alemão. Vim de uma família que sempre viveu no limite, nunca faltou nada, mas sempre no limite. Não sei que classe a gente se enquadrava, só sei que nunca tive uma bicicleta (quando criança), sou o mais velho de 3 irmãos, e sinceramente não sei porque fui gostar tanto desse "troço" chamado HARDCORE.

Acho que tudo começou por volta dos 14 anos, tive um vizinho que já curtia os IRON MAIDEN's da vida, comprava muitos discos de vinil e sempre me chamava pra ir lá na casa dele ver e ouvir as novidades. De vez em quando íamos numa loja no Flamengo chamada HARD'N HEAVY era um dos melhores lugares pra se encontrar esse tipo de som, isso era no início dos anos 90 e o metal estava bem forte!

Na MTV tinha um programa chamado FÚRIA METAL que o Gastão Moreira apresentava. Um belo dia quebrei o sofá lá de casa num dequeles stage dives malucos. Minha mãe ficou bem chateada!!

Aí veio a fase METALLICA, o Edinho esse meu amigo, comprava vários piratas do METALLICA, as capas eram sempre muito fodas, na maioria delas vinha com fotos de mulheres com os seios de fora, eram lindas. Embarquei na onda do METALLICA, e durante muitos anos foi a minha banda preferida. Tinha um maluco no meu colégio que era fã do RUSH, puta merda, era igual discutir futebal e religião, cada um puxava a sardinha pra banda que mais gostava, chegava a ser ridículo.

Meu irmão Fabiano também começou a comprar uns discos nessa época, uma vez ele chegou em casa com um picture (formato de vinil mais grosso, não tinha capa, a arte da capa era gravada no próprio vinil) do BENEDICTION. Puta merda, ouvi tanto aquele disco, que acho que furou, ele tinha um lance de rolar ao contrário, muito bom.

Aí vieram, OBTUARY, ANTHRAX (o Edinho era muito fã), KREATOR, TESTAMENT, SEPULTURA... e eu, gravando tudo em fita, chegou uma hora que ele não deixava mais eu gravar. rsrrss Tinha um vizinho novo no condomínio, o Arthur, que morou em São Paulo, acho que ele já não curtia tanto esse tipo de som, me deu um monte de fitas cassetes, numa delas tem (porque tenho ela até hoje) um show do SEPULTURA em Americana/SP. Toda vez que eu lembro disso eu rolo de rir, o SEPULTURA ia lançar ainda o segundo disco (MORBID VISIONS 1986), o show rolando solto e o MAX me solta com voz de monstro, "aeeeeeeeee os punks que estão pra lá, se quiser vir pra cá, lugar de punk é aqui na frente do palco pra bater cabeça porra!!" rsrsrsrs muito bom, imagina punk batendo cabeça?!! O melhor vem depois, ele fala com a galera, mais uma vez com "voz de monstro" um monte de bobagem, na sequencia, pede para o técnico de som aumentar o retorno dele com a voz normal, que naquela época era de um moleque magrelo cheio de espinha, muito engraçado! Eu tenho isso aqui!

Mas tudo isso mudou quando eu ouvi um vinil verde, onde de um lado tinha uma banda chamada RATOS DE PORÃO e do outro o CÓLERA! Esse foi o divisor de águas na minha vida.

Nesse disco quem canta as músicas do R.D.P. é o Jão, vocal gritadão, agudo e feroz, muito bom. do outro lado o Redson defendendo o CÓLERA com um punk mais melódico com letras afiadas. Até então eu não sabia o que era hardcore, pra mim era tudo a mesma merda! BARULHO!

Numa bela tarde esse meu camarada, o Edinho me chamou pra ir na casa de um moleque que também "curtia um som", nessa época era assim, você perguntava para os outros "se curtia um som" . Chegamos na casa desse moleque, tinha um monte de disco espalhado pelo chão. Tinha de tudo ali, de POISON, SKIDROW e BON JOVI, até as mais podreiras.

Esse é o Vinícius, ficamos a tarde toda ouvindo os discos e trocando idéia, pensei "Moleque maneiro!" Voltamos lá outras vezes, e o Vinícius me falou que queria montar uma banda e perguntou se eu queria tocar baixo, ele tinha ganhado uma Guitarra Jennifer vermelha (puta merda, que guitarra tosca). Eu falei que não sabia tocar nada, ele me falou que me ensinava, já que ele tocava violão à algum tempo.

Comecei a aprender a tocar baixo, no violão... tinha um outro moleque na rua de trás que ficamos sabendo que tocava bateria, esse é o Fabrício, que também gostava das mesmas bandas que a gente. Pronto! Está montado o T.N.M. (Tô na Merda) se não foi a primeira, com certeza uma das primeiras bandas de HARDCORE de Jacarepaguá. Isso foi em 1993, três moleques magrelos e cabeludos, tocando hardcore e sem saber direito o que era aquilo.

A gente ensaiava em casa mesmo, a vizinhança ficava doida! Eu e o Vinícios revezávamos no vocal, uma das primeiras músicas, se não foi a primeira, se chamava DEDICATED TO MY DEATH. Entrei numa viagem de que tinha morrido e assisti ao meu próprio enterro, doideira total, mas também muito real. Escrevi de madrugada essa letra, depois fizemos a música. Acho que tenho isso gravado em algum lugar ainda.

E pra fazer show, como ia ser? tinha um cara na minha turma do colégio. Sérgio Pessoa, sangue bom demais, ele era todo engajado, se afiliou ao Partido Verde e tentava ser politizado, tudo haver com uma banda punk. Esse foi um cara que ajudou muito a gente a conseguir as coisas.

Uma vez estávamos indo pra casa do Vinícios, e passamos por um bar que nunca tínhamos reparado. Decidimos entrar e falar com o dono, era um pé sujo dos melhores, espaço tinha de sobra, conversamos com um coroa que estava lá, falamos pra ele que a gente tinha uma banda, mas que não tínhamos espaço pra tocar. Perguntamos se ele poderia nos ceder aquele espaço, e que nós faríamos todo o resto, divulgação, som, etc... e ele ficaria com a venda no bar. Pra ele foi um ótimo negócio, afinal, estava entregue as moscas aquilo.

"E qual é o nome do bar mesmo?" E o velho me solta em meio a um arroto de cachaça. "Bar do galo velho" pensei: "sem chance! Rock no bar do galo velho não!" Quando descemos percebi que o pé sujo ficava numa encruzilhada, e eu adorava aquele filme com o Ralph Macchio, é... o mesmo do Karatê Kid, esse mesmo. Vai ser esse o nome do bar daqui pra frente, e eu era tão abusado que nem falei nada para o coroa, mudei o nome do bar por minha conta mesmo. ENCRUZILHADA BAR o novo pico de JPA e finalmente o primeiro show do T.N.M.

Continua...