quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Descanse em paz!

Logo no início do T.N.M. eu já tinha me mudado do condomínio onde morava o Edinho, a gente já se falava muito pouco, ele foi seguir a carreira militar, virou sargento da Aeronautica. Já não tinhamos mais tanto contato. Tínhamos muitos amigos em comum, um deles era o Sapão, que volta e meia esbarrava comigo por aí. Fiquei sabendo que uma ex-namorada do Edinho estava grávida dele e estava esperando um menino.

Assim que gravamos nossa demo fui lá levar uma pra ele, fita essa que ele ouvia sempre. Por conta do trabalho dele e das nossas vidas que acabaram tomando outro rumo, quase já não nos víamos mais. Um dia recebi a notícia de que ele estava com câncer.

O Edinho parecia um touro. Enquanto os moleques da nossa idade eram todos magrelos, ele parecia peão-de-obras, ô bicho forte. Nessa época, tinha um cavalo de corridas que ganhava tudo, ITAJARA. Era assim que a gente chamava ele. Não dava pra brincar de pique pega com o Edinho, quando você via, ele já estava te dando um tapão nas costa. Tinha um jogo que a gente chamava de TACO, e sempre jogávamos no estacionamento do condomínio. Duas duplas. Uma dupla arremessava a bola pra derrubar a lata, enquanto a outra tinha que rebater a bola, enfim... Todo mundo tinha o seu taquinho humilde, o nosso amigo Edinho não. Ele usava um cabo de enchada, que ele chamava carinhosamente de BAIABA.

A doença foi cruel, consumiu meu amigo muito rápido. Um dia o Sapão foi na minha casa falar que o Edinho tinha tido alta, e que queria me ver. Não achei que seria tão urgente. Não deu tempo...

Quando fui na sua casa ele já estava morto, deitado na cama, fardado e magro como equelas figuras que a gente vê em fotos da Etiópia. É muito ruim perder um amigo assim, e durante muito tempo fiquei me sentindo culpado por não ter ido logo ve-lo. Se hoje tenho uma banda, se hoje gosto de música punk, hardcore... é por causa dele.

Alguns anos após a sua morte, minha mãe encontrou com a mãe dele, e me falou uma coisa que me deixou muito emocionado. Seu filho, já com uns 3 ou 4 anos, quando ia visitar a avó, sempre pedia pra ela colocar a "música do papai". A tal música do papai era a fita demo do T.N.M. que eu tinha dado pra ele.

Não sei se foi porque eu fiquei muito abalado com isso tudo, mas meses depois eu tive um sonho com o Edinho, onde ele me abraçava e falava que estava muito feliz em me ver. Ele me pareceu bem feliz e tranquilo no sonho, daí em diante parei de me culpar tanto. Tenho boas lembranças dele e isso é o que importa. A vida continua, e só desejo muita saúde para o seu moleque.

Continua...

2 comentários:

  1. caraca veio, perder alguem assim é punk pra caralho.Continue a saga. lá de cima ele tá te vendo e torcendo por ti russão !!!
    Abrçs

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  2. alemão, lembro de você e do edinho indo ao nosso encontro na casa do joão. parece que foi ontem, ele com as baquetas na mão tocando uma frase de batera de uma música ou do suicidal tendencies ou do megadeth (não me lembro bem).
    ele sempre deu força pros corações e mentes, que viriam se tornar os djangos.
    gravamos o disco "raiva contra oba oba" e dedicamos o disco em sua memória.
    espero que ele tenha escutado e gostado.


    marco homobono - djangos

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