quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pouco tempo, muita história.

Com Fabrício sempre tinha algum problema, uma vez ele sumiu no dia do show que a gente ia fazer também no GARAGE, era foda marcar show lá, quando a gente conseguia uma data tinha que levantar a mão para o céu e agradecer. O Fabrício era foda, dava até raiva, mas ao mesmo tempo a gente se divertia com ele.

O Fabrício acho que foi criado por avó em apartamento, acho que ele jogava bolinha de gude no carpete. Certa vez o nosso caro amigo Sérgio Pessoa, convidou a gente pra ensaiar na casa do primo dele lá em NILÓPOLIS, pra quem não sabe, JOTA QUEST explica. "Jacarepaguá é longe pra caralho!" Nilópolis é do outro lado, saca? MAIS LONGE AINDA!


E lá fomos nós, pegamos um ônibus até Cascadura e de lá um trem pra Nilópolis, puta que merda, um calor do caralho. Como a gente só andava com o dinheiro contado, resolvemos passar juntos pela roleta da estação de trem, o cobrador deixou, estava tudo certo. Passei com o Vinícius, ele virou de frente pra mim e passamos sem nenhum problema. Quando o Fabrício foi passar com o Sérgio... pra que vocês entendam, o Sérgio deve ter 1,90m, é um cara bem grande... o Fabrício ficou de costas para o Sérgio, tipo, apoiou a barriguinha na roleta e levantou o popozão hahahahaha!! Acho que foi a cena mais engraçada e bizarra que eu já presenciei. O Fabrício preso na roleta e o Sérgio agarrado atrás dele. O moleque começou a espernear, aí que ficou engraçado mesmo!! O cobrador do outro lado da cabine, quase caiu pra trás com a cadeira de tanto rir. Quando os dois finalmente desengataram, o rapaz estava vermelho igual um pimentão, eu e o Vinícius caídos no chão de tanto rir, tinha que ter filmado isso. Acabou que fomos lá à toa, nem ensaiamos. E na volta, já na estação de trens de Nilópolis, o Sérgio falava assim para o Vinícius: "Vinícius, sai da beirada, Vinícius, sai da beirada!" Sendo que ele também estava na beirada, passou um trem do lado deles, o Vinícius saiu e o Sérgio tomou-lhe um tapão na orelha, e uma bela de uma cusparada!! E o maluco ainda xingou ele... SAI DAÍ Ô FILHO DA PUTA!! E o Sergio todo sem graça: "É por isso que morre, por isso que morre!" Putz, esse dia foi muito engraçado.

Nós quase sempre íamos ensaiar só com o dinheiro pra pagar o estúdio, a gente ia andando para o ELAM, que ficava à uns 40 minutos de caminhada da nossa casa, se pegasse um ônibus era pra dar calote, passar por baixo da roleta... num desses dias, fomos para o ensaio, mas não queríamos ir a pé, então pegamos o busão, pedimos pra passar por baixo da roleta, o cobrador não se opôs... tudo bem, passou o Vinícius, eu passei, quando foi a vez do nosso menino prodígio, escutamos um barulhão, BLAM!! Olhamos pra trás estava lá um corpo estendido no chão em meio a pratos e baquetas, o nosso guri, com as perninhas para o ar, tentando se levantar!

A gente ensaiava sempre no ELAM, o Ariel é irmão do Leandro que é dono do estúdio, as vezes ele ia fechar o estúdio e quase sempre a gente era a última banda. A gente podia jurar que aquele maluco não suportava a gente. Até que um dia ele ofereceu uma carona, e soltou a pérola: "Porra, aquela música de vocês, LUCIANA VADIA VAGABUNDA é muito maneira!!" rsrsrsrs coisas do rock. Virou nosso brother!

Lá no ELAM, onde deveria ser a "técnica" do estúdio, funcionava uma sala de aula de bateria, tinha sempre uma menina de uns 13 para 14 anos tendo aula de batera, ela falava para o COSME (que é professor de lá até hoje), que estava ali pra aprender a tocar aquilo que a gente estava tocando, ou seja HARDCORE. Mais pra frente, vocês vão saber o destino dessa menina.

Até que fizemos bastante show com essa formação, mas o Fabrício resolveu sair, ou eu tirei ele da banda? Não lembro. Só lembro que ele já não estava mais afim de tocar a muito tempo. Quero deixar registrado que o Fabrício foi um dos melhores bateristas com quem eu já toquei, o moleque com as baquetas era foda!

Eu estava prestes a me alistar no quartel, que merda! Ia ter que cortar o cabelo, caso fosse servir. Todos os meu amigos estavam sobrando, acho que só o Carlyle, baixista do DJANGOS serviu, mas eu não queria de jeito nenhum ficar enfiado num quartel com um monte de cuecas. O Macarrão, aquele da oficina, lembra? Então, a mulher dele na época, uma loira bonita, estilo européia com peitão, foi no quartel pedir para o comandante liberar o macarrãozinho dela. Do jeito que tava, era mais fácil ele ficar, só pra ela poder visitar ele lá dentro e fazer a alegria da rapaziada. Mas no final das contas, ele acabou sobrando.

Eu, nervosão na minha primeira apresentação na vila militar (tiveram outras), cabelo preso (rabo de cavalo), passou um sargento e falou assim: "Guerreiro, solta esse cabelo!" e eu falei: "Por que?", e ele respondeu: "Porque está atrapalhando!!!" Vai entender, soltei a juba sem contrariar aquele senhor que me parecia um tanto aborrecido.

Chegou a minha vez da entrevista, e um outro sargento me perguntou: "Quer servir ou quer sobrar?" Eu nem pestanejei, falei que não queria servir com a maior convicção do mundo. Então ele me pergundou se eu gostava de ROCK, respondi que sim, aí ele me perguntou se eu já tinha ido ao CIRCO VOADOR. Respondi que sim, muitas vezes! Foi quando chegou o momento mágico, ele olhou pra mim e falou: "Aposto que debaixo dessa blusa tem uma camisa com uma caveira!" Eu estava com uma blusa de malha azul, por cima de uma outra camisa branca, também de malha. Eu gelei, levantei a blusa e lá estava ela, a boa e velha camisa do EXPLOITED, com aquele caveirão enorme. A essa altura eu já era o centro das atenções, já estava todo mundo a minha volta, rindo pra caralho, e eu com aquela cara de bunda.

Resumindo, o sargento gostou de mim. Falou que queria que eu service e não me liberou, tudo isso depois de eu ter que ouvir todas as suas histórias de "Roqueiro Militar".

Na segunda apresentação, tinha exame médico, prova física e escrita (tinha uns caras que colavam). Mandaram a gente colocar toda a roupa dentro de um saco de lona fedorento pra cacete. Todo mundo peladão puxando ferro. Depois em fila (eu boladão com o negão atrás de mim) mandaram a gente fazer flexões. Porra, fazer flexão pelado é foda! O pau encostava naquele chão frio e sujo, foi foda. Levantamos, foi quando veio o melhor, um sargento daqueles mandou levantar o saco e assoprar (nas costas da mão, não precisa nem falar, né?), um cidadão do meu lado, levou a ordem ao pé da letra. LEVANTOU O SACO E MANDOU UM ASSOPRADÃO NAS BOLAS!!! Não há santo que aguente esse nosso exército brasileiro!

Só sei que vi a cama que eu ia dormir e já estava desesperado, foi quando num momento de brilhantismo da minha parte, no último exame médico. Falei que tinha hérnia, e o médico nem pensou duas vezes ou se quer me examinou, mandou eu esperar lá fora. SOBREI!! Se eu soubesse que ia ser tão fácil tinha falado isso a mais tempo, não tinha passado tanta humilhação!

Eu tinha um grande amigo que andava de skate comigo e que tocava bateria. Ele até tocava bem o punk rock, mas o HARDCORE, hum... não era o forte dele, talvez por ser gordinho! Esse era o Alexander Patrício, O GRALHA!

Ficou no T.N.M. muito pouco, acho que nem fizemos shows com ele. Parecia que era o fim da banda.

Eu levava as coisas muito a sério, e os meus companheiros, só queriam se "divertir". Ter uma banda, querendo ou não, requer responsabilidades, ou então você só vai ensaiar... e olhe lá! O Gralha nessa época estava montando uma outra banda, chamada: PIPUS QUACK FUJÃO, era um punk rock besteirol. E acabou não ficando no T.N.M., era o fim.

Continua...

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