sábado, 7 de novembro de 2009

Recomeço.

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Com a morte do Gralha tudo ficou muito incerto, decidimos continuar, mas faltava disposição e ânimo pra procurar um novo baterista. O Fabio tinha um amigo que havia tocado com ele em outra banda e segundo o próprio Fabio o moleque era um ótimo baterista. Marcamos uma reunião no Downtown na Barra, lá na Planet Music onde eu trabalhava, numa de trocar uma idéia e conhecer o Davi.

A primeira impressão não foi muito boa, quando vi aquele moleque magrelo cheio de piercings, com um colete punk e meia calça nos braços (alguns chamam de segunda pele), não achei que aquele garoto franzino ia ter força pra levantar as baquetas, confesso que fiquei um tanto decepcionado. Mas esse é um péssimo defeito do ser humano, pré-julgar as pessoas. O preconceito é uma coisa muito ruim.


Nesse meio tempo, o José Roberto Mahr me contou que um amigo dele estava montando um selo em São Paulo com distribuição da UNIVERSAL MUSIC e esse mesmo cara tinha gostado muito do disco do 8mm. Liguei para o tal amigo em São Paulo, ele se chama João Paulo e já havia passado por grandes gravadoras como diretor artístico, enfim...

Marquei uma reunião com ele no Fashion Mall em São Conrado e tivemos uma conversa muito agradável enquanto tomávamos um café. Ele me contou um pouco da sua história, e me falou que tinha montado seu próprio selo chamado FNM (Fábrica Nacional de Música) e que já estava distribuíndo algumas bandas gringas aqui. E me falou também que tinha gostado muito do nosso som e que pretendia sim lançar o nosso disco, mas que no momento ele estava sem capital pra investir em nós, e uma coisa que me chamou muito a atenção é que ele conhecia bem as músicas e as letras, percebi que ele realmente gostava da banda. Eu falei que o que eu precisava naquele momento era de uma boa distribuição e que do resto a gente corria atrás.

Tudo acertado, ele voltou pra Sampa pra cuidar do contrato e nós voltamos a ensaiar forte para os próximos shows. O Davi me surpreendia a cada dia e sem dúvida nenhuma era o melhor músico da banda, sem contar que se mostrou um bom amigo.

O primeiro show com a nova formação foi no Ballroom, no Humaitá. A rádio Cidade tinha um programa chamado A VEZ DO BRASIL e convidou a gente pra fazer um desses shows junto com o Los Hermanos, que nessa época estava lançando "O bloco do eu sozinho". Ficamos tão empolgados com esse convite que começamos a ensaiar muitas vezes durante a semana do show. Cada ensaio pra mim era como se fosse o próprio show, que burrice a minha, no dia D eu estava praticamente sem voz.





Tinha chamada na rádio toda hora e muita gente ouvia e me ligava, uma música ia ser transmitida ao vivo do show e a ansiedade só aumentava. No dia do show a fila já quase dava volta no quarteirão e a estimativa pra esse show era de recorde de público da casa. Fui na farmácia ao lado do Ballroom e comprei tudo quanto foi remédio pra garganta que tinha. Se fizessem exame anti-doping em mim com certeza eu não ia poder tocar. A gente estava com a equipe completa, Márcio Sinistro operando o P.A., o Max fazendo o som de palco e o Rafael era o nosso roadie. O Camelo me emprestou o amplificador dele e ainda regulou pra mim, tirando um puta sonzão.




Era um sentimento muito ruim de estar fudido, sem voz, por um simples e burro descuido. Nesse dia me senti muito envergonhado e com medo de na hora do show a minha voz não sair, mas no final deu tudo certo e foi um ótimo show. Encerramos com um cover da Plebe Rude (Até quando esperar?) e a música que foi para o ar, foi Simplesmente Simples e como previsto foi recorde de público do Ballroom e o Davi tocou pra caralho. Foi legal ver os amigos comparecendo, até o Vereza foi nesse dia. Essa foi uma noite inesquecível pra mim.

Um comentário:

  1. éh esse dia do ballroom foi foda mesmo
    casa lotada geral na vibe e eu sai de la muito orgulhoso de ter feito meu papel, o som foi muito bom.

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