terça-feira, 20 de outubro de 2009

O primeiro show.

Quando começamos a ensaiar, decidimos marcar os ensaios na Zona Sul. A gente despencava geral para Copacabana pelo menos uma vez por semana pra ensaiar. Eu queria ficar mais perto do buxixo, e na Zona Sul era onde a panela se concentrava. Começamos ensaiar no estúdio Casa 3, que depois virou BPM, fizemos praticamente toda a pré produção do disco lá.

Ficamos vários meses ensaiando e quase no fim de 2000 pintou um show pra fazer em Caxias, na baixada fluminense. Ia ser um evento bacana mas as coisas não saíram como a gente queria. Já estava tudo pronto pra ir para o show, fui em casa tomar um banho e os equipamentos da banda já estavam todos dentro do carro do Edgard (baixista). Ele parou pra comer um cachorro quente em frente a casa dele na Freguesia. Foi rendido por dois caras armados que levaram o carro com tudo nosso dentro, baixo, 2 guitarras e os pratos do Gralha. Já começava mal a nossa história.

Eu já estava pronto, só esperando os caras passarem lá em casa pra me pegar, o telefone tocou. Era o Edgard falando o que tinha acontecido, eu não acreditei, achei que ele estava brincando, mas infelizmente não era brincadeira. Liguei para o Gralha, que passou lá em casa e saímos de carro pra ver se a gente achava o carro roubado, já estava no desespero. Partimos pra Cidade de Deus, entramos pelos becos e na saída da comunidade demos de cara com um gol da PM. Fomos abordados com fuzil na cara e revistados. Comecei a rir e o PM perguntou do quê eu estava rindo. Aí eu contei a história, eles acionaram outras viaturas, mas nunca mais vimos o carro ou os nossos instrumentos. Sem sacanagem nenhuma, deu vontade de nunca mais ter banda. O pior, o cara que organizou o show, queria porque queria que a gente fosse assim mesmo. Só podia ser maluco!

Nessa época eu já tinha saído da loja de CD'S do Barra Shopping. Recebi uma proposta pra ser gerente de uma loja no Downtown também na Barra da Tijuca. O André que tinha trabalhado comigo na Planet Music do Via Parque Shopping, ia ficar de gerente numa filial que ia abrir na Tijuca e eu ficaria de gerente no lugar dele no Downtown. Só que essa loja da Tijuca nunca abriu, e eu acabei ficando de vendedor mesmo. O clima de trabalho na Planet Music do Downtown era muito bom, a galera era muito unida e era só diversão.

A dona da loja era a maior figuraça, parecia um moleque. Tinha o cabelo curtinho e só usava calça larga com camisa de malha, acho que ela foi o filho homem que o pai dela não teve.
Uma vez eu estava encostado no computador da loja e sem querer acabei olhando pra dentro da blusa dela pela manga e vi um suvaco feio pra caralho, todo cabeludo, parecia que ela tinha um guaxinim agarrado debaixo do braço.

Mas numa coisa devo ser justo, ela ajudou muito a banda. A minha guitarrinha YAMAHA que eu tanto amava, nem era tão boa, mas eu adorava aquela guitarra, tinha sido levada pelos ladrões. Eu tinha que comprar outra, mas não tinha grana, ninguém da banda tinha. Recebemos a proposta da dona do loja, que queria montar um selo e se interessou pelo 8mm. Queria lançar o nosso primeiro CD, tive que concordar, afinal além de músico eu seria um dos sócios do selo. Ela como adiantamento deu pra gente os instrumentos, só a guitarra do Fabio que teve que dar uma pequena diferença, porque era mais cara. Aí sim pintou o primeiro show!



Com direito a notinha no jornal e tudo. As coisas para o 8mm estavam acontecendo muito rápido. Depois desse, vários outros shows foram marcados. Mas vamos falar um pouco
desse show no Satchmo Bar em Botafogo. Chegando no local, percebemos que seria furada, porque era tipo um restaurante com música ao vivo (JAZZ) em baixo, quem tocava lá sempre era o Reinaldo do Casseta & Planeta. No segundo andar um palquinho para bandas convidadas. Tinha meia dúzia de gatos pingados, e todos sentados em suas mesinhas naquele clima de voz e violão, e a gente uma banda de PUNK ROCK prestes a largar a mão na guitarra distorcida...

Já abri o show com a seguinte frase: "Obrigado pela presença, e eproveitem bem o hardcore de cadeira!" Tocamos todo nosso repertório sem ligar muito para o público sentado. O único que agitou nesse show foi o garçon, que depois descobrimos que tinha uma banda (Street Family) em Campo Grande. Ele depois convidou a gente pra tocar num evento lá em campo Grande.


Essa foi a primeira logo do oito milímetros que eu criei!

Depois desse show que eu nem conto, aquilo foi mais um ensaio aberto. Teve um que foi muito legal, pena que não tenho o cartaz aqui. Beco da Boemia, com FOOD 4 LIFE e EMO que na época era sem o ponto. Eu lembro que ainda fiquei zoando o Gralha, porque a Baterista do Food 4 life (Fernanda) descia o braço na bateria e ele tocava igual menina. (risos)

Eis alguns cartazes dessa época tão boa que não volta mais.










3 comentários:

  1. Fala Alemão, beleza cara? Pqp como o tempo passa, estive nos dois primeiros shows do 8mm. Esse do bar de jazz foi flórida mesmo...muito engraçado. Mas é isso aí, mais uma vez, muito bom seu blog. Parabéns cara, compila esse matarial que dá um bom livro.

    Abraço, Leo.

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  2. Amor, eu não sabia dessa historia de que vocês ganharam os instrumentos, que legal!
    Você diz que a banda começou mal mas se bem que depois aconteceram muitas coisas legais. Espero que você conte tudo. O que não contar e eu lembrar eu conto nos comentários! rs
    Parabéns, meu escritor!

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  3. Alemão, depois de ler esse post eu tive certeza de uma coisa que eu já desconfiava: VOCÊ MUDOU A MINHA VIDA.

    Eu sou batera, toco desde dos 12 anos, sempre fui roqueira mas me ligava mais no mainstream. Até o dia em que um moloque da escola me chamou pra tocar numa banda de punk rock. Eu tinha uns 15 anos e na época de punk eu só conhecia o Offspring. Entrei na loja lá do Downtown, que era perto do trabalho da minha mãe, com cara de perdida. Você me perguntou se eu queria ajuda. Eu contei a história e você começou a me mostrar um monte de cds de bandas que até hoje eu curto, como Pennywise e Rancid. Como eu só tinha grana pra comprar um levei o Punk-O-Rama 2.
    Cheguei em casa e botei o cd pra tocar, sem saber muito o que esperar. Gostei logo de cara, mas quando chegou na faixa 4, Only the Good Die Young coverizada pelo Me First & The Gimme Gimmes, minha vida, como eu conhecia até então acabou. Megulhei no underground de cabeça e até hoje não chegei na superfície.

    Valeu, cara!

    Roberta

    http://punkdoc.wordpress.com

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