terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cabeçudos na estrada.

Lá pelos idos de 1995, os shows começavam a ficar mais cheios, o CABEÇUDOS tocava mais e mais. A cena hardcore crescia bastante e eu já não ouvia mais tanto METAL como antes. Bandas como: SICK OF IT ALL, PENNYWISE, BAD RELIGION, NOFX, RATOS DE PORÃO... faziam cada vez mais parte da trilha sonora da minha vida.

Nessa época, eu ainda me correspondia com muitas bandas. NITROMINDS e WHITE FROGS eram as bandas que mais trocavam cartas comigo. As coisas nessa época eram muito difícieis, por isso dava tanto prazer quando a gente conseguia um bom show fora do Rio, ou uma entrevista legal para um zine de outro estado. Se não me falha a memória, um dos primeiros shows fora do Rio, foi na Cidade de Assis, interior de São Paulo. Saí direto do Mc Donald's onde eu trabalhava, para a rodoviária. Estava com o dinheiro contadinho da passagem, na verdade sobrou uns 5 reais para o prato feito lá na cidade.

Baba, Cabeça, Helinho, Júnior, Eu e o Zé em Assis interior de SP.

Não sei dizer quantos quilômetros são do Rio até lá, só sei que foram 12 horas dentro de um busão. Chegamos estragados em Assis, era um evento que uma rádio de lá promovia. Acho que foi o Júnior (baixista) que conseguiu esse show. Lembro de olhar do palco e ter umas 6 mil pessoas num lugar que parecia um estacionamento. Sem dúvida, foi um showzão. Voltamos para o Rio de alma lavada, e doidos pra voltar em Assis no próximo ano.

O Cabeçudos nessa época lançou um split cd por um selo português chamado fast'n loud, com o a gente tinha o MUKEKA DI RATO (ES) e duas bandas portuguesas, KU DE JUDAS e TRINTA E UM. Foi uma coisa muito foda pra nós que estávamos acostumados com fitinha cassete. Já se cogitava gravar uma nova demo, e com as músicas já no esquema, não demorou muito. Entramos no estúdio pra gravar "Lei do Cão", a essa altura a banda já não era mais 100% hardcore. Outras influências estavam muito presentes no som. A própria Lei do cão, era um reggae com guitarras distorcidas no refrão. Mas o show era pura pressão, lembro de uma menina falar para mim, enquanto conversávamos depois do show: "Que isso? Vocês parecem que tem pácto com o demo. Antes do show estávam aqui quietinhos conversando, quando vi vocês no palco, deu até medo!" rsrsrsrs Coisas do ROCK.



Depois que a DEMO ficou pronta, mandamos pra todos os jornais e revistas do país. A banda também estava sempre envolvida em organização de eventos. Conhecemos muitas pessoas legais nesse meio, e outras nem tanto.

O Milton foi uma dessas ótimas pessoas que conhecemos, ele tinha uma loja em Madureira (Space Rock), tempos depois ele abriu a sociedade com a outra dona e veio trabalhar com a gente. O Milton era um caso raro de carioca que queria ser paulista. A propósito, ele foi pra São Paulo e mora lá até hoje.

O CABEÇUDOS estava sempre organizando eventos em Jacarepaguá, e isso pra banda era muito bom, a gente sempre chamava as bandas pra tocar em Jacarepaguá principalmente na MHS e isso gerava um bom intercâmbio com outras bandas.

Na foto, Eu e o Marcelo D2 num desses shows na MHS.


Surgiu a oportunidade de tocar no Skol Rock, que ia rolar no Polo de Cine e Vídeo, perto do autódromo de Jacarepaguá. Mas a defesa civil interditou o local, um dia antes do evento, chegamos até a passar o som. Nunca tinha me ouvido tão bem. O show foi transferido pra Vitória no ES. Dias depois estávamos nós embarcando num ônibus com mais 5 bandas. Lembro que nesse dia fumei um bagulho dentro do ônibus que me deu a viagem mais doida da minha vida. Liguei meu inseparável WALKMAN, (é molecada, não existia MP3) com a fitinha do MIGHTY MIGHTY BOSSTONES e nesse dia, EU VI A COR DO SOM!! Ou melhor, as cores! Outro dia desses eu vi uma matéria do Fantástico onde descobriram uma mulher que via as cores e até sentia o gosto do som. Pois é, eu também vi e era iraaaaado!

Nós viajamos à noite toda, e quando chegamos no hotel Ilha do Boi em Vitória, neguinho achou uma "ponta" que era mais grossa que o meu dedo indicador. Só pra você ter uma noção da situação. Era um hotel 5 estrelas de frente para o mar, realmente muito bonito. Já chegamos chegando, um monte de maluco com calça larga e skate na mão. Os executivos ficaram doidos! Chovia bastante e mesmo assim os favelados cariocas tomaram banho de piscina de cueca. levamos um roadie, Cabelinho que tocou o terror na viagem.

Esse Skol Rock foi o bicho, tocamos com o Titãs num ginásio lotado, dava pra se sentir artista ali. Conhecemos o pessoal do MUKEKA DI RATO, (só moleque magrinho) hoje vendo os caras vejo como o tempo foi cruel com eles rsrsrsrss. Sacanagem, é brincadeira Mozine. Esse Skol Rock, nós não ganhamos, mas rendeu pra gente uma outra coisa muito melhor.

Na época que a rádio Cidade bombava aqui no Rio, rolou uma promoção pra bandas novas (PELAS BANDAS DA CIDADE). Você enviava a fita da sua banda e participava de uma seleção pra lançar um single pela WARNER MUSIC. Mandamos nossa fitinha e tivemos a feliz notícia de que tínhamos ganhado a tal promoção. Até então, eu nunca tinha ganhado nada na minha vida. Fomos lá na rádio e vimos várias caixas grandes de papelão cheias de fitas. Perguntei o que eles fariam com tantas fitas? A resposta foi simples: "Vão para o lixo!" Fiquei muito chateado, porque sabia o quanto era difícil gravar uma fita e produzir uma capinha legal e tudo mais... reconheci vários colegas de bandas ali dentro daquelas caixas.

Um dos caras que escolheram a gente era o Leléo da própria WARNER. Já sabíamos do resultado antes mesmo dele sair, agora a dúvida era: "Tocar P.N.C. da demo ou esperar a gravação do single?!" O Bahia que toca hoje no TIHUANA, trabalhava lá nessa época. Ele queria que a gente esperasse a gravação nova, mas a Moniquinha (Monica Venerábile) tinha a maior moral lá dentro e falou pra colocar a demo enquanto não ficava pronto o single.

Fomos gravar a música num estúdio lá em Copacabana, e quem produziu foi o Leléo. Pra você se situar, ele é o careca que está junto com o Jorge Davidson no Geléia do Rock do MULTISHOW. Gravamos em Copacabana e mixamos no estúdio AR na Barra com o saudoso TOM CAPONE. Na mixagem eu estava cheio de idéias hardcore, pedindo pra ele colocar efeito distorção na voz e outras coisas... ele olhou pra mim e falou: "Calma véio, isso aí você coloca no próximo disco, esse aqui é pra rádio!" Demorei a entender isso, mas nunca aceitei esse tipo de pensamento, enfim...

Eu particularmente sempre gostei mais da DEMO do que do Single da WARNER. Sabe aquela sensação de: "AGORA VAI!!" pois é, não foi. A warner não contratou a gente, mas pelo menos a música estava tocando na rádio. Resolvemos então gravar um clipe de P.N.C. pago a perder de vista. Gustavo Caldas dirigiu o clipe e virou nosso amigo. Depois de estar com o clipe prontinho fomos pra São Paulo, o Milton tinha uma abertura legal na MTV. Lembro de comprar um buquê de flores pra entregar pra Penélope Nova, coisas do Milton e ele é que estava certo, tudo isso gerou uma indicação para o VMB como melhor DEMO CLIPE. Gentileza, gera gentileza!

9 comentários:

  1. Essa foto do Cabeçudos está demais!
    TODOS nasceram de novo! Estão IRRECONHECÍVEIS!

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  2. DEPOIS ELE FALA DO MUKEKA !!!HAHAHA TOMA VERGONHA NESSA CARA RUSSO !!

    PACTO COM DEMO FOI BRABÃO RUSSOO...

    EITA HISTORINHA !!!
    HAHAHAHA

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  3. Fala brother recordar e viver, muito bacana você nos brindar com essas histórias.
    Vou lembrar de akguns causos e te falo pra você colocar mo seu blog.
    Abração
    Junior Vernin

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  4. Saudoso MHS... Alemão igual ao Mike Muir no clip...rs

    Abrá cara, continue a escrever.

    Leo.

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  5. "Que tempo bom que não volta nunca mais".

    PQP, sensacional esta época. Um das melhores épocas da minha vida.

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  6. bom! as lembranças sempre estao de volta de quem viveu isso ou aquilo e quando chegar a hora eu vou falar tambem...

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  7. Foda!! Eu fiz Parte da formação Original do Kaos Urbano, a saber Luizinho e eu (Zé Colmeia rude) nos vocais, Marcelo Banha na Guitarra, Gordinho da Ilha no baixo, e os Cabeçudos e o TNM eram bandas amigas e muito clássicas!! Parabens por honrar a memória!!!!

    :)

    Tem o contato do Marcelo Banha???

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