terça-feira, 27 de outubro de 2009

Me, Myself and I.


























Atendendo a sugestão de um grande amigo, resolvi abrir um parênteses e escrever esse texto. Aqui falo de uma pessoa muito importante. Eu mesmo!!!

Desde criança sempre fui muito apegado as "minhas coisas" e ciumento ao extremo. Meus brinquedos eram sempre bem cuidados e duravam anos (até o meu irmão mais novo nascer, é claro!) Na escola nunca gostei muito de fazer trabalhos em grupo, sempre gostei de resolver as coisas sozinho, ou pelo menos tentar resolve-las. Futebol era um dos esportes que mais gostava de praticar, mas quando eu via que o time não estava com a mesma vontade de ganhar eu logo perdia o interesse. Quando comecei a andar de skate e logo em seguida o bicicross, fiquei mais feliz, afinal... a evolução só dependia de mim.

Mas tinham outras coisas. Uma vez, inventei de construir uma rampa de skate no meu condomínio, pra isso tive a ajuda de uns dois amigos. Passamos o dia todo ali, juntando e pregando madeira e à noite não pude descer porque minha mãe não deixava eu ficar na rua, acho que era medo d'eu virar lobisomem e atacar as pessoas. Via da janela todo mundo se divertindo e eu não podia estar ali. Tive muito ciúmes da rampa e confesso que senti muita inveja daqueles que usavam e abusavam daquela coisa torta que fiz com tanto carinho. Eu era um garoto e imaturo, dá um desconto.

Aí veio a primeira banda, como o nome mesmo diz "o conjunto". Não tive muita dificuldade de dividir as coisas, por que na maioria das vezes os outros integrantes não estavam muito interessados na parte "burocrática" da coisa. É claro que eu contava também com a ajuda do grande amigo Sérgio Pessoa, que por sinal foi muito importante nesse tempo de fitas demo. Na composição das músicas, sempre tive muita afinidade com o Vinícius e falo até hoje que é o único maluco que escreve músicas que eu gravaria de olhos fechados. Ele é um talento desperdiçado pela necessidade do ganha-pão. Se brigamos ou discutimos por causa de divisão de músicas? Eu acho que não.

Eu sempre tentei fazer o que podia sozinho, como se carregasse o mundo nas costas e que ninguém fosse capaz de fazer tão bem quanto eu, grande erro. Eu também tinha o péssimo hábito de debochar e colocar apelidos escrotos nos outros, e muitas vezes quando a situação era inversa eu ficava puto. Senso de humor zero! Hoje ainda tenho resquícios desse mal hábito, mas é infinitamente menor do que era, acho que só restou um humor ácido dentro de mim e não chega a corroer nada. Mas uma coisa pode ter certeza, nunca diga que eu falei coisas que não falei, ou que fiz coisas que não fiz, isso me deixa puto.

Hoje refletindo sobre tudo isso, me vem uma passagem da bíblia que diz: "devemos amar ao próximo como a nós mesmos..." E chego a conclusão de que talvez eu não gostasse tanto de mim.

Dividir: "Repartir algo entre diversas pessoas, dando uma porção a cada uma." Existem pessoas que dividem com muita facilidade tarefas, talvez pra não ter tanto trabalho ou pra não ter tanta responsabilidade. Eu nunca tive a menor vocação de ser o segundo em nada, quando entro é pra ganhar. E esse papo de fazer para os outros acontecerem não é comigo.

Eu nunca seria capaz de passar por cima de ninguém pra conseguir as coisas, nem me aliar a pilantra pra conseguir meus objetivos, isso é de mim, esse sou EU. Gosto das coisas certas, não acho que eu seja perfeccionista, mas gosto das coisas bem feitas.

Apesar de ser grosso e muitas vezes arrogante, sei que muitos gostam de mim. Fico muito feliz em saber que mesmo cantando mal me chamaram e continuam me chamando pra fazer participações em discos e shows, como foi o caso do Gangrena Gasosa, Funk Fuckers e Nitrominds. Sei que canto mal, mas alguma coisa deve ter de bom em mim pra me convidarem a participar de seus "trabalhos". Concorda?

Hoje tenho dentro de casa e na minha vida duas coisinhas que serei obrigado a dividir, não com uma ou duas pessoas, mas com o MUNDO. E isso só me faz crescer como ser humano. Depois do nascimento das minhas filhas evoluí e continuo evoluindo muito, aprendo um pouco a cada dia com elas. Só Deus sabe o quanto é difícil pra mim, ser pai de duas meninas e ter que ouvir as piadinhas de que sou fornecedor. (risos)

Acho que fui escolhido pra isso e não reclamo, porque graças a elas me tornei uma pessoa melhor. E uma coisa ninguém pode negar... filhas eu sei fazer muito bem!


Agradeço a Deus todos os dias pela esposa maravilhosa que eu tenho, filhas lindas, carinhosas e saudáveis e amigos fiéis.

Ao contrário do que dizem as más línguas, aprendi a dividir sim, não só coisas materiais, mas também a me dividir. Hoje me divido entre trabalho, família, amigos e banda. E além disso, ainda divido histórias com vocês. Eu não guardo nem dinheiro, vou guardar segredo... tá maluco?

Peço sinceras desculpas aos amigos, ex-namoradas e parentes que se sentiram humilhados ou maltratados por mim.

Obrigado ao Fabio pela dedicação e por manter essa banda nos trilhos, obrigado ao Breno pelo empenho em marcar os shows e ao Baba por vestir a camisa da banda e dar essa nova cara ao som do 8mm.

Obrigado a quem acompanha essas páginas em silêncio e aos que deixam comentários.

Isso tudo me fez lembrar uma música que escrevi a um tempão atrás, segue a letra.

"Eu sou assim mesmo, meio fechado,
esse é meu modo de me protejer
mas lá no fundo eu sou um cara legal,
precisa tempo pra me conhecer
se te magoei não foi por mal,
as vezes falo coisas que podem ofender
mas lhe asseguro, não é minha intenção,
eu sinto muito, tenho que aprender a olhar,
o jeito certo de proceder.
É que eu não sei a hora de parar,
e pensar, se foi certo tudo o que fiz.

Quero te falar de mim (3x)
Preste atenção!

Eu prometo tentar mudar,
farei de tudo pra melhorar,
mas leva tempo isso eu sei...
Está no sangue como eu já te falei.
É que eu não sei a hora de parar,
e pensar, se foi certo tudo o que fiz.

Quero te falar de mim (3x)
Preste atenção!"


Segundo a Carol é a música que ela mais gosta, vou gravar em breve e coloco aqui pra vocês ouvirem.

=0]

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Gravando o disco.

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Quem convidou a gente para fazer o primeiro show foi o Marcelo Reis, que organizava um evento intinerante chamado ROCK BRASIL NA VEIA, e nós já estávamos preparando tudo pra gravar nosso primeiro CD. Ele gostou muito da banda e queria produzir outros shows com a gente. Fomos tirar novas fotos para divulgação, porque as anteriores não estavam boas.

Essa foto acabou entrando na contra capa do CD Simplemente Simples. Acho que se fosse hoje, não usaria essa foto.

O pai do Edgard tinha uma loja de conserto de eletro-eletrônicos que acabou virando cenário pras fotos, ao fundo as sucatas.

A dona da loja que eu trabalhava deu liberdade pra gente escolher o estúdio e a forma que a gente ia gravar. Opitamos pelo tipo analógico, mesmo a maioria dos artistas já estarem gravando no digital. O rolo da fita era muito caro, então o Márcio que era nosso técnico de som, roadie, motorista e também vendedor da Planet Music, conseguiu umas fitas mais baratas. Ele trabalhou durante muito tempo na Cia. dos Técnicos em Copacabana e tinha uns bons contatos.


Na foto: Márcio, André o gerente da loja, Eu sentado, ao fundo em pé o Fabio assistente de gravação e o Damian o técnico de som do estúdio Impressão Digital.

Esse foi um disco que me deu muito prazer em fazer, estavam meus amigos presentes, o clima era o melhor possível e os shows estavam sendo marcados aos montes. Esse disco teve a participação do ator Carlos Vereza avô da minha filha, recitando um poema adaptado do Charlie Chaplin e tocando flauta transversa. Ficou muito bonito. No vídeo abaixo dá pra ter uma noção, do que foi a gravação do nosso primeiro CD.



Conseguimos incluir um sax e um teclado nas partes de SKA. Na hora de fazer o coro nos vocais, vieram o Marco Homobono do Djangos, Paulinho Rabujentos, Gustavo Sabrá assistente de gravação, O Júnior do Cabeçudos, até a Paloma, mulher do Edgard na época entrou no bolo. Fora a galera da banda, Fabio, Edgard e Gralha.

O disco ia se chamar "Simplemente Simples", e a capa eu não poderia deixar de colocar a foto da minha filha. O que acabou virando um marketing fudido, porque nas lojas a referência era "o disco com o rosto do neném".



Na ordem do disco:

01. Simplesmente simples
02. Caska grossa
03. Quem se importa?
04. Minha passagem
05. Tiro de canhão (Don't stop)
06. Longe de la ley
07. O Tubarão
08. Sacudindo a massa
09. Na Cabine
10. Briga de galo
11. Vamu quebrá!!
12. Loucos
13. Cadáver cucaracha
14. A raiva

O disco ficou pronto e nada da dona da loja, acertar o contrato com a gravadora que ia distribuir o CD. O contrato ia pra São Paulo e voltava pra concertar erros, ia e voltava de novo, e o tempo ia passando e as coisas acontecendo. Shows e mais shows, o 8mm estava tocando muito!




Viramos sócios da Casa de Cultura Estácio de Sá, pelo menos um vez por mês a gente tocava lá.



A EXTRA HARD era a marca de roupas que apoiava a gente e fazia as camisas da banda.



O Gralha era muito fã de IRA e nesse show do BOB'S na praia aconteceu uma coisa muito legal e inusitada. A gente era a segunda banda a tocar e era dia de jogo do Brasil. Ao lado desse Bob's tem um hotel de frente pra praia do Pepê. Começamos o show e derrepente vimos no meio da galera o Nasi vocalista do Ira.

Depois do show ele veio falar com a gente, o Gralha ficou todo bobo... Ele falou que o jogo estava muito ruim, e tava ouvindo a gente tocar lá do seu quarto, achou muito bom e resolveu descer pra conferir. (risos) O Gralha ganhou a noite aí, acho que ele nem dormiu essa noite.

Próximo post: Decodificando as letras.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O primeiro show.

Quando começamos a ensaiar, decidimos marcar os ensaios na Zona Sul. A gente despencava geral para Copacabana pelo menos uma vez por semana pra ensaiar. Eu queria ficar mais perto do buxixo, e na Zona Sul era onde a panela se concentrava. Começamos ensaiar no estúdio Casa 3, que depois virou BPM, fizemos praticamente toda a pré produção do disco lá.

Ficamos vários meses ensaiando e quase no fim de 2000 pintou um show pra fazer em Caxias, na baixada fluminense. Ia ser um evento bacana mas as coisas não saíram como a gente queria. Já estava tudo pronto pra ir para o show, fui em casa tomar um banho e os equipamentos da banda já estavam todos dentro do carro do Edgard (baixista). Ele parou pra comer um cachorro quente em frente a casa dele na Freguesia. Foi rendido por dois caras armados que levaram o carro com tudo nosso dentro, baixo, 2 guitarras e os pratos do Gralha. Já começava mal a nossa história.

Eu já estava pronto, só esperando os caras passarem lá em casa pra me pegar, o telefone tocou. Era o Edgard falando o que tinha acontecido, eu não acreditei, achei que ele estava brincando, mas infelizmente não era brincadeira. Liguei para o Gralha, que passou lá em casa e saímos de carro pra ver se a gente achava o carro roubado, já estava no desespero. Partimos pra Cidade de Deus, entramos pelos becos e na saída da comunidade demos de cara com um gol da PM. Fomos abordados com fuzil na cara e revistados. Comecei a rir e o PM perguntou do quê eu estava rindo. Aí eu contei a história, eles acionaram outras viaturas, mas nunca mais vimos o carro ou os nossos instrumentos. Sem sacanagem nenhuma, deu vontade de nunca mais ter banda. O pior, o cara que organizou o show, queria porque queria que a gente fosse assim mesmo. Só podia ser maluco!

Nessa época eu já tinha saído da loja de CD'S do Barra Shopping. Recebi uma proposta pra ser gerente de uma loja no Downtown também na Barra da Tijuca. O André que tinha trabalhado comigo na Planet Music do Via Parque Shopping, ia ficar de gerente numa filial que ia abrir na Tijuca e eu ficaria de gerente no lugar dele no Downtown. Só que essa loja da Tijuca nunca abriu, e eu acabei ficando de vendedor mesmo. O clima de trabalho na Planet Music do Downtown era muito bom, a galera era muito unida e era só diversão.

A dona da loja era a maior figuraça, parecia um moleque. Tinha o cabelo curtinho e só usava calça larga com camisa de malha, acho que ela foi o filho homem que o pai dela não teve.
Uma vez eu estava encostado no computador da loja e sem querer acabei olhando pra dentro da blusa dela pela manga e vi um suvaco feio pra caralho, todo cabeludo, parecia que ela tinha um guaxinim agarrado debaixo do braço.

Mas numa coisa devo ser justo, ela ajudou muito a banda. A minha guitarrinha YAMAHA que eu tanto amava, nem era tão boa, mas eu adorava aquela guitarra, tinha sido levada pelos ladrões. Eu tinha que comprar outra, mas não tinha grana, ninguém da banda tinha. Recebemos a proposta da dona do loja, que queria montar um selo e se interessou pelo 8mm. Queria lançar o nosso primeiro CD, tive que concordar, afinal além de músico eu seria um dos sócios do selo. Ela como adiantamento deu pra gente os instrumentos, só a guitarra do Fabio que teve que dar uma pequena diferença, porque era mais cara. Aí sim pintou o primeiro show!



Com direito a notinha no jornal e tudo. As coisas para o 8mm estavam acontecendo muito rápido. Depois desse, vários outros shows foram marcados. Mas vamos falar um pouco
desse show no Satchmo Bar em Botafogo. Chegando no local, percebemos que seria furada, porque era tipo um restaurante com música ao vivo (JAZZ) em baixo, quem tocava lá sempre era o Reinaldo do Casseta & Planeta. No segundo andar um palquinho para bandas convidadas. Tinha meia dúzia de gatos pingados, e todos sentados em suas mesinhas naquele clima de voz e violão, e a gente uma banda de PUNK ROCK prestes a largar a mão na guitarra distorcida...

Já abri o show com a seguinte frase: "Obrigado pela presença, e eproveitem bem o hardcore de cadeira!" Tocamos todo nosso repertório sem ligar muito para o público sentado. O único que agitou nesse show foi o garçon, que depois descobrimos que tinha uma banda (Street Family) em Campo Grande. Ele depois convidou a gente pra tocar num evento lá em campo Grande.


Essa foi a primeira logo do oito milímetros que eu criei!

Depois desse show que eu nem conto, aquilo foi mais um ensaio aberto. Teve um que foi muito legal, pena que não tenho o cartaz aqui. Beco da Boemia, com FOOD 4 LIFE e EMO que na época era sem o ponto. Eu lembro que ainda fiquei zoando o Gralha, porque a Baterista do Food 4 life (Fernanda) descia o braço na bateria e ele tocava igual menina. (risos)

Eis alguns cartazes dessa época tão boa que não volta mais.










domingo, 18 de outubro de 2009

8mm "Simplesmente Single."

Na foto: Dominique no meu colo em Teresópolis.
Ano 2000, que ótimo ano pra se ter uma filha e montar uma nova banda. O 8mm nasceu pra ser uma banda de PUNK ROCK com algumas pitadas de SKA. Eu já tinha um baterista. O Gralha, que já tinha tocado comigo no T.N.M., era um bom baterista para o tipo de som que eu queria levar, além do que era meu brother de longa data. Chamei o Edgard que era roadie (demitido) do Cabeçudos, nunca tocou baixo, mas se mostrou um bom amigo, e no momento era o que importava.

Eu comprei uma guitarra YAMAHA de segunda mão. Apareceu o Bruno (Piruzinho) querendo tocar trumpete e com ele veio o Fabio, que era amigo do primo do Bruno e veio pra tocar guitarra.

As músicas estavam prontas, só faltava organizar tudo com os caras. Mas no início foi muito difícil. O Bruno estava tentando aprender a tocar aquele maldito trumpete, aquilo era o pesadelo dos vizinhos dele, ainda bem que agora ele está trabalhando com produção de vídeos. (risos)

Não durou muito o Bruno viu que não dava e a banda continuou sem ele, mas ele deixou uma marca na banda, o Fabio. Moleque magrelo, esquisito, quatro olho, com cara de nerd. "Puta que pariu esse moleque toca guitarra aonde?" Foi o que eu pensei. Pois é, escuta o disco novo!! Combinamos uma reunião pra gente se conhecer, lá no Barra Shopping, na porta da loja onde eu trabalhava. Percebi que era um moleque bacana, que curtia os mesmo tipos de música, conhecia bem bandas como MISFITS, PENNYWISE, NOFX, e um monte de outras que nem eu conhecia. Marcamos um primeiro ensaio e tudo fluiu muito bem, as músicas iam sendo passadas uma a uma, e rapidamente já estávamos com um set list pronto.


Nessa mesma época, a Dominique resolveu nascer. Foi uma gravidez toda de risco, a Larissa que era uma garota muito ativa, tocava bateria, gostava de viajar e estava prestes a entrar na faculdade, teve que ficar um mês ou mais, só deitada. Só podia levantar pra ir ao banheiro.

Eu estava num ritimo frenético de casa para o trabalho, do trabalho para o curso e devolta pra casa. Eu estava fazendo um curso técnico de comunicação (ETEC) no centro do Rio. Saía de São Conrado pra Barra e da Barra para o Centro todos os dias e ainda trabalhava sábados, domingos e feriados. Chegava em casa por volta da meia noite só o bagaço.

Era dia 17 de Março de 2000, meu aniversário!! Estava eu, matando uma aula com os meus amigos do curso. A gente tava jogando uma sinuquinha na Lapa e tomando um chopinho pra comemorar meu aniversário, quando tocou meu celular. Fiquei naquela de atendo ou não atendo, atendi. Era a Larissa falando que estava com sangramento e que estava indo pra maternidade, isso foi por volta das 22 horas. Eu sem saber o que fazer fiz a pergunta mais imbecil que se faz pra uma mulher parindo. "O que eu faço?" Só ouvi um berro estridente do outro lado da linha: "VAI PRA LÁ PORRA!!!!" Saí doido, correndo pela Lapa em direção a Cinelândia, na mão a ficha que eu ia colocar na mesa quando o telefone tocou (tenho essa ficha até hoje). Não tinha taxi, apareceu um, mas o taxista não quis me levar (eu só tinha R$20,00 e acorrida dava trinta). Nem adiantou eu explicar o que estava acontecendo, ele não se comoveu. Quando derrepente, vira lá na esquina o ônibus 175 mandado por Deus, eu até hoje acho que aquele motorista sabia da urgência, porque ele foi do Centro até a Barra muuuito rápido.

Ainda cheguei no Barra D'or à tempo de ver minha filha nascer e pegar um dos melhores presentes de aniversário que eu poderia ganhar. E ela veio embrulhadinha para o meu colo. E mais uma vez eu não sabia se ria ou se chorava, os sentimentos estavam todos bagunçados na minha cabeça e no meu coração. E a Dominique veio ao mundo à 1 hora e 15 minutos da manhã do dia 18 de Março de 2000. Saí com ela da sala de cirurgia e levei para o berçário, na incubadora ela agarrou meu dedo, nunca imaginei que uma coisinha tão pequena pudesse ter tanta força. Acho que era muita vontade de viver!

E com a banda ia tudo muito bem, as músicas estavam ensaiadas, mas faltava uma coisa. Tirar umas fotos pra divulgação e gravar uma DEMO.

Nas fotos seguintes, a primeira sessão de fotos pra divulgação do 8mm.







Definitivamente, a gente não parecia nada com uma banda punk!

Resolvemos gravar uma demo chamada "Simplesmente Single" com 6 músicas, sendo que uma era versão de Sobradinho, música de Sá e Guarabyra.

1. Simplesmente Simples
2. Sacudindo a massa
3. Caska grossa
4. Impossível nos deter!
5. O Tubarão
6. Sobradinho*


Realmente meu instinto paternal estava à flor da pele, repara só na capa que eu fiz pra essa demo!


O Max (ex-Headache) na foto ao fundo, meio quilo mais gordo, trabalhou em estúdio de gravação e foi lá dar uma força pra gente.

Essa DEMO saiu, digamos... mais ou menos. Dava pra ouvir bem tudo, mas não tinha peso nenhum. Mas pra mim, aquilo era a melhor coisa do mundo. Eu estava muito feliz por voltar a ter uma banda, voltar a ensaiar e fazer shows.

No próximo: O primeiro show!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A saída.

5 anos tocando no Cabeçudos, muitas aventuras, muitos shows... Em 1999 aquela menina que tinha aulas de bateria no ELAM e que tempos depois estava tocando bateria no STAPLES, engravidou. Estávamos namorando à dois meses e veio a notícia: "Estou grávida" ela disse. Eu não sabia se ria ou se chorava.

Junto com essa notícia veio um dilema, e agora, o que fazer? Eu trabalhava numa loja de CD's no Barra Shopping, e o que eu ganhava não seria o suficiente pra sustentar mulher e filha. Como a banda estava num chove e não molha à muito tempo, não tive dúvidas...

Nunca fui de ficar numa banda só pra ter uma banda, ou eu caía de cabeça e vestia a camisa ou então nem começava. Como havíamos perdido algumas oportunidades, optei por sair do Cabeçudos e voltar a estudar. Desde a minha saída da banda, até o nascimento da minha filha, foi um ano muito intenso. Eu estava acostumado com a vida de músico, tocar, viajar... Era o que eu sempre sonhei pra minha vida, e por algumas vezes achei que esse sonho se realizaria. Mas já eram outros tempos, começamos a gravar um disco independente, que por sinal estava ficando muito bom. Incluímos um DJ (BRAULIO) do Rio das Pedras, e estávamos com um disco prontinho na mão, onde só faltava mixar. Nesse meio tempo apareceu um cara com a maior pinta de 171, levou geral no bico, prometia mundos e fundos.

Eu fazia toda a parte gráfica do Cabeçudos, criei a logo da banda, criei o cachorrinho, fazia os cartazes, as capas de demos, até o pano de fundo que até hoje é usado nos reencontros da banda eu que pintei a mão a logo, o que me deu um puta trabalho. Esse foi o desenho que criei pra capa do nosso disco que nunca saiu.
A banda tinha um lance que era legal, a gente corria atrás dos nossos objetivos. Até catar latinhas pra vender e ajudar a pagar a gravação do CD a gente catou.

Na foto ao lado: Edgard (o roadie), Eu e o Júnior, contando as latas.

O disco que estava quase pronto foi pra gaveta, e eu meti o pé da banda. Até tentei explicar minha situação e os motivos que me fizeram tomar aquela decisão, mas parecia que a galera não queria ouvir, só o Júnior apareceu para uma reunião que marquei com todos. Mas daí pra frente minha vida ia mudar, muito trabalho, provas, fraldas e mamadeiras. Música? Só de ninar.

A banda também tomou um rumo que eu não ia curtir muito de participar. Mais ou menos dois meses depois da minha saída o CABEÇUDOS assinou com a INDIE RECORDS, contrato que o 171 arrumou (dizem que não dá sorte falar o nome dele). O cara era coisa ruim mesmo, era envolvido com bruxarias e coisas desse tipo. Eu presenciei ele falando coisas que não me deixavam nada confortável.

Com isso veio uma avalanche de sentimentos, eu fiquei sabendo do contrato com a gravadora por outras pessoas, fiquei feliz por eles, mas ao mesmo tempo fiquei puto, sei lá... Nós humanos somos bichos muito estranhos. Gostaria de ter recebido um telefonema de alguém da banda pra falar, afinal fiquei cinco anos com aqueles caras, já faziam parte da minha família. Quando fiquei sabendo, eles já estavam terminando o CD. Liguei para o Júnior pra dar os parabéns e saber se eles iam usar alguma música minha. Não só já tinham usado, como gravado e registrado as músicas. Eu ainda tive que ouvir que iam INCLUIR meu nome no registro das músicas que EU escrevi.

Como eu tinha editado P.N.C. pela WARNER CHAPELL falei que não queria editar minhas músicas pela INDIE. Pronto, confusão armada! Depois de muita conversa decidi vender minhas músicas, afinal precisava montar uma casa e comprar coisas para o bebê. Eles devem ter recebido um bom adiantamento, porque o 171 pagou com dinheiro vivo e nem reclamou. Tempos depois fiquei sabendo que o EMPRESÁRIO 171 roubou eles e sumiu.

Durante muito tempo fiquei me questionando sobre amizade verdadeira, acredito que tenho poucos amigos, amigos de verdade, aqueles que você pode ligar num perrengue que ele vai estar lá pra te dar uma força. O Paulinho que tocava no SLOW DEATH e agora canta no RABUJENTOS é um desses caras. Quando eu não sabia o que fazer com a notícia de ser pai ele me deu o maior apoio e falou que eu podia contar com ele pra qualquer coisa e o Edgard fez o mesmo. É isso que se espera de um amigo. E não ouvir que você está dando golpe do baú, porque a garota é filha de um ator famoso. Só pra constar, nunca gastei tanto dinheiro MEU na minha vida, como quando estava morando com ela.

Fiquei um ano nessa seca, sem banda, sem ter notícia de nada do UNDERGROUND. Antes da minha filha nascer eu já estava com o repertório de um disco pronto. Foi até bem fácil juntar a galera. Chamei aqueles que estavam mais próximos e que eu tinha mais afinidade, o nome da banda? 8mm. Por causa do filme com o Nicolas Cage.

Continua...

sábado, 10 de outubro de 2009

Circo Voador.

Eu tenho uma teoria para o tal "sentido da vida". Acredito que o que importa na vida é o que você deixa. Eu não tenho herança, só histórias. É muito triste, uma pessoa que vive uma vida inteira e não tem nada pra contar para os outros. Nada de diferente eu quero dizer. Imagine essa situação: Você rodeado de netinhos, contando que toda a sua vida foi uma simples e miserável rotina.

Eu sei que não fiz a metade do que gostaria de fazer, nem conheci (ainda) os lugares que quero conhecer, mas uma coisa é certa, histórias eu tenho pra contar. Deve ser muito triste você não ser lembrado por nada. Já que está aqui, então deixe a sua marca!

Durante a minha vida de "roqueiro sujo", sempre teve um lugar que fez parte da minha vida, direta ou indiretamente. Esse lugar é o CIRCO VOADOR, pra mim é um lugar mágico. Acho que como todo circo.


Desde moleque, a Lapa era o point predileto da galera camisa preta, assim como os de outras cores de camisa também. Lá você vê de tudo: Punk, hippie, rasta, gringo, puta, traficante, viciado... enfim. Essa é a Lapa que eu tanto frequentei na minha adolescência. As vezes eu ficava até às cinco ou seis horas da manhã sozinho na praça XV esperando o 269 ou 240 pra voltar pra casa.

Uma coisa que eu estava lembrando recentemente, era dos shows no Circo Voador. Me dei conta de que NUNCA paguei pra entrar lá. E olha que já vi muitos shows ali, de alguma forma sempre dei um jeito de entrar.

Uma vez teve um show do TITÃS no Circo, que eu tinha que ir de qualquer jeito, mas como eu ia entrar se eu não tinha dinheiro? Eu nunca tive mesada, dinheiro com o meu pai só se fosse pra pagar alguma coisa no colégio e olhe lá. Então resolvi seguir a máxima da minha galera... RATO É RATO!

Lá fui eu e mais dois amigos pra ver TITÃS no Circo Voador. Chegando na porta, nos deparamos com um grande ponto de interrogação, e agora, como entrar? Ficamos rodeando aquelas grades, igual um animal ronda a caça. Foi quando começou uma invasão. É, isso mesmo! Tinham muitos como nós que queriam ver o show e não tinham ou não estavam dispostos a pagar, o que não era o meu caso, eu até pagaria, mas... Nessa época eu estava com a fitinha da minha banda (T.N.M.) recém gravada e queria muito entregar para álguém do TITÃS.

Eu nunca fui o mais esperto, mas também nunca fui bobo. A galera começou a invadir, e eu e os meus parceiros subimos também nas grades e pulamos para o outro lado. Infelizmente fomos surpreendidos pelos seguranças. Um dos meus amigos meteu a mão no bolso e puxou um monte de notas dobradas, até então achei que ele estava duro, assim como eu. O segurança pegou o dinheiro e soltou a gente, não pensei duas vezes, saí correndo para o meio da multidão que se expremia na frente do palco. Quando eu perguntei sobre o dinheiro, ele falou que era do jogo "Banco Imobiliário", lembra? Como estava escuro onde a gente pulou o segurança não viu direito que as notas eram falsas. Até hoje lembro disso e não acredito que uma coisa tão idiota deu certo. Talvez porque tinha muita gente pulando, o segurança não queria se prender a dois moleques. Sei lá, já não importa.

Começou o show! Que maneiro! Luz, som alto, Titãs! Fiquei naquela adrenalina de como eu ia dar a fita para os caras. Subir no palco estava inviável, estavam tratando o pessoal que subia com muita violência e eu não queria ser expulso de lá.


No meio do show não tive dúvidas, tirei a fita do bolso mirei no Marcelo Fromer e taquei, só não medi a força. Aquilo saiu voando no palco, ele teve um reflexo de gato e se abaixou. Se pega na cara, eu teria antecipado a sua morte uns dez anos antes.

O inacreditável aconteceu, ele me viu no meio da galera e com uma cara de espanto e raiva, sei lá... ficou me olhando e eu como não sabia onde enfiava a cara fiz aquele gesto imbecil de falar com a boca bem aberta pra ele entender melhor as sílabas e apontei para o ouvido falando: "DEPOIS VOCÊ ESCUTA A MINHA BANDA". Puta merda que vergonha. O pior é que ele balançou a cabeça e fez sinal de ok. Se fosse comigo eu mandava era se foder! Eu quase matei o cara e ele ainda foi legal comigo.

Num outro show no Circo Voador, dessa vez RATOS DE PORÃO, GANGRENA GASOSA e OKOTÔ. Estava eu lá fora esperando o momento certo, o lance era chegar cedo pra entrar logo. Fiquei lá em baixo dos arcos, quando passou um bondinho lá em cima com uma galera gritando. Parecia um bombardeio de sacos de lixo, e tinha muuuuita munição, graças a Deus consegui fugir ileso. Nesse show acho que enchi tanto o saco do segurança pra ele deixar eu entrar que ele falou: "Some da minha frente porra!" e deixou eu entrar.

Começou o show do OKOTÔ, eu estava igual pinto no lixo. A porrada comendo e eu querendo subir no palco pra me jogar, só que tinha uns seguranças muito mal encarados no palco, fiquei bolado. Na confusão fui empurrado até a beirada do palco, quando vi já estava lá em cima, primeiro pulo foi lindo, cheio pra caralho não tinha jeito de meter os cornos no chão. Me empolguei, daí era um atrás do outro, até que aconteceu uma das piores coisas na minha vida. Estávamos num circo, certo? Um infeliz desenrolou o trapézio lá de cima dos ferros e desceu, eu só não contava que ele ia se chocar justo comigo durante o pulo. Levei uma pesada na boca do estômago, que me tirou todo o ar, eu não conseguia respirar e achei que ia morrer ali. Me arrastei pra fora e finalmente consegui encher o pulmão de ar. Daí pra lá, foi só de arquibancada. Achei que tinha quebrado algumas costelas, fiquei sentadão vendo os outros shows. GANGRENA GASOSA com o clássico banho de farinha com miúdos de frango, nunca vi uma multidão se dispersar tão rápido como naquele momento. Inesquecível!


RATOS DE PORÃO, puta que pariu que showzão, nessa hora o Circo já estava muito lotado, e eu já estava me sentindo bem melhor, mas não arrisquei descer de novo, fui me eventurar nos ferros lá no teto. Estava com medo, porque tinha ouvido uma história de um moleque que caiu lá de cima no meio do palco durante um show e morreu. Pode até ser lenda urbana, mas fiquei impressionado com isso. Estava lá sentado nos ferros, com mais uma meia dúzia de desconhecidos assistindo ao show, quando escuto um porradão de madeira nos ferros, caralho!! Filme de terror, dois seguranças com pedaços de pau batendo nos ferros pra gente descer, eu com muito medo de tomar uma paulada na cabeça, aqueles caras eram muito maus. Acho que a seleção pra segurança do Circo Voador era feita na porta da cadeia. No fim tudo acabou bem.

Teve um show que eu passei pela roleta com o convite na mão, peraí... não eu não paguei, esse eu ganhei. RAMONES e SEPULTURA no Circo Voador, até pouco tempo eu ainda tinha o canhoto desse ingresso. Até hoje não sei porque o SEPULTURA não tocou, mas o RAMONES já bastava. O Circo Voador superlotado, e nesse dia eu queria só assistir, arrumei um lugarzinho bom na arquibancada do lado esquerdo de quem está de frente para o palco, via os caras pertinho. Fiquei imprecionado com o JOE RAMONE, saiu do camarim meio que carregado pela mão por um roadie, e colocado apoiado no pedestal com as mãos em cima do microfone, igual um boneco. A cara dele parecia de um boneco de cera, sinistro.

One, Two, Three, Four... a casa veio a baixo, eu olhava lá de cima parecia um caldeirão de gente. E como não poderia deixar de ter, uns pelas de cabeça raspada dando porrada nos moleques cabeludos. Eu vi uma cena que parecia de filme, um desses caras enrolou a mão no cabelo de um desses moleques e socou muito a cara dele. Parecia até aquele brinquedo que fica uma bolinha amarrada numa raquete que vai e volta.

Lá tinha muita gente conhecida, a molecada do meu bairro quase toda estava lá. Durante o show vi um maluco se jogando da arquibancada lá em baixo. Escalava os ferros e se jogava de novo, era o Bruno mais conhecido como "Piruzinho". Ele conseguiu a atenção dos covardes lá em baixo, que estavam doidos pra dar umas porradas nele também.

Foi um dos melhores shows da minha vida, num dos lugares mais legais do Rio de Janeiro. Depois desse, tiveram muitos outros, não menos importantes, mas algumas histórias não cabem aqui, seria me expor demais. Quem sabe não entra num livro? Ainda não consegui tocar naquele palco, mas não perco as esperanças, Circo Voador, é Circo Voador!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

1997, um ótimo ano!

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Na foto:

Na frente Eu, Mosca, Edgard, Júnior, Cabeça, Paulinho, Baba e Helinho. Cabeçudos e Slow Death.




Acho que o ano de 1997 foi um dos melhores pra mim. Foi o ano que tocamos com o R.D.P. no Imperator... muitas coisas boas estavam acontecendo pra banda. 98 também foi bom, mas 97 foi mais intenso e não tão tenso.

O show no Imperator foi demais, devia ter pouco mais de 2 mil pessoas ali pra ver CABEÇUDOS, SLOW DEATH e R.D.P., quando tocamos P.N.C. a casa veio a baixo. Abriu o maior rodão... foi lindo! Nesse show teve participação no B. Negão, e estavam aqui no Rio os nossos amigos do MR-8, que vieram de SP.

Antes do show, fui entregar o Single de P.N.C. para o Gordo, quando entrei no camarim, parecia que tinha cruzado o portal do inferno. O Gordo estava sentado numa poltrona chapadão, e uma mina mais chapada ainda numa cama mais ao lado. O camarim era só fumaça, pouco se enxergava lá dentro.

Abrimos shows dos suecos do MILLENCOLIN e os alemães do ATARI TEENAGE RIOT, ambos no Teatro Rival no centro do Rio. No show do Millencolin o Ack tocou com a gente. Acho que o mais legal foi ter ficado sentadão no palco com o teatro vazio, o pessoal tirando o equipamento e a gente trocando idéia com os caras do Millencolin. A outra banda que tocou com a gente no dia do Atari Teenage Riot, foi o Polux, que depois virou Leela. Quem tocava baixo no Polux era aquela doida da Madame Mim da MTV. O Pólux fez show na MHS com a gente e a molecada ficava doida pra ver a calcinha da Bianca que era ninfetinha nessa época. Coisa de moleque.



Teve um show na Fundição Progresso, se eu não me engano... foi na EXPO ALTERNATIVE, que na mesma noite tocou: BOI MAMÃO, P.U.S., CABEÇUDOS e PAVILHÃO 9. O empresário do Pavilhão 9 meteu o maior broncão, falando que o Pavilhão ia tocar antes, coisa e tal. Tudo porque tinha uma bolha cheia d'agua em cima da bateria, choveu pra caralho e criou-se aquela mega bolha. Ninguém queria morrer eletrocutado, mais todo mundo queria tocar. Depois de muito bate boca, eles tiveram que esperar a vez deles.

Esse era um tempo bom no Rio, aconteciam eventos que valiam a pena ir. Nesse mesmo evento no dia anterior, eu vi um dos melhores shows da minha vida. Inocentes, me surpreendeu ao vivo. Pesadão, punk rock até a alma, bom demais.

Teve um show do NOFX na Fundição que quem abriu foi o ACK, saí de lá todo ralado, de tanto que pulei do palco.

A gente sempre quis tocar no SUPER DEMO quando finalmente conseguimos uma vaga, não tocamos por causa do juizado de menores que bateu lá e mandou acabar com o evento. Putz, que falta de sorte, tudo aconteceu pouco antes da gente subir no palco. A gente até tentou invadir o palco na vez do STAPLES. Mas o evento era organizado (risos), não deixaram. lembra da menina que ficava vendo os ensaios do T.N.M. enquanto tinha aula de bateria? Pois é, virou baterista do STAPLES.

Nessa época algumas bandas bombavam no Rio, THE FUNK FUCKERS era uma delas, o show deles era sempre matador. Me sinto muito lisonjeado do meu nome ter sido cotato para uma possível volta.

Na gravação do disco deles, fui lá fazer uns backings vocals, não deu muito certo, acabei ficando de frente para o Paulão que era do GANGRENA GASOSA. Não podia olhar pra cara do negão que vinha a vontade de rir, não só eu como ele também, enquanto os outros faziam a parte dos vocais a gente só ria!! O GRANGRENA GASOSA convidou eu e o Helinho pra gravar uma música no disco deles (concreto perfeito). Só não fui por causa da maldição do GANGRENA!

Aqui no Rio a gente já tinha tocado em praticamente todos os lugares. Uma vez fomos lá pra Niterói de ônibus, equipamento, mala e cuia, tocar no BAR DO GATO PRETO. O BLACK ALIEN estava lá e fez uma participação no nosso show, mas ô lugarzinho feio e longe também. Saímos de lá de manhã e pra variar, de ônibus.

Niterói tem história! Convidaram a gente pra tocar numa casa chamada VOLÚPIA lá em NIKITI. Só que ninguém falou pra gente que aquilo era uma boate GAY. Enquanto a gente tentava atravessar a rua pra entrar no estabelecimento, em quase todos os carros que passavam alguém gritava: "VAI VIADO!!", "CAMBADA DE BICHONA"... só fomos entender quando entramos. Essa boate foi fechada para esse evento nesse dia, mas os frequentadores habituais não deixaram de ir e prestigiar CABEÇUDOS e THE FUNK FUCKERS "in tha house"!

Já na entrada dois marmanjos barbudos se atracando. Que merda! O pior foi ter que passar som com uma bichinha na frente do palco com as perninhas cruzadas e mordendo beicinho pra mim (risos). Não posso falar quem foi, mas teve um integrante da banda, que lá pelas tantas da madruga, catou uma "loira". Quando eu fui chamar o cara pra ir embora, ele tava tão agarrado com a "loira", que parecia que era briga. De onde eu estava só vi aquele gogózão! Ele jura de pé junto que era mulher! Eu tenho minhas dúvidas.

Teve um show que fizemos com o PLANET HEMP em São João de Meriti (Bar do Juvenal), que eu fumei tanto com os caras do Planet que esqueci quase todas as letras durante o show. (risos)



As coisas eram bem mais legais nessa época, essa molecada de hoje definitivamente... não dá.